14.12.10




Alla fine della giornata non c'è niente di meglio che ascoltare quelle tre parole. 
Ed essere sicura che lui è lì per te.



In the end of the day there is nothing better than hearing those three little words. 
And being sure that he is there for you. 


30.11.10



Cá estou a pensar em uma forma de contar a vida... (e começo a narrativa com toques de Moçambique, bem sei). Poderia contá-la em anos, em meses. Poderia contá-la em semanas, dias. Minutos. Ou poderia contá-la em vitórias, em desafios, em grandes mudanças, em dores. Eu poderia contar a vida pelas vezes que meu coração bateu forte, pelas vezes que senti um pulsar de viço em meus átrios. Ou, simplesmente, pelas vezes que eu me fiz felicidade pura. Poderia contá-la na medida das lágrimas que derramei, dos sorrisos que dei.

Abro parênteses: Na semana passada fiz um inventário dos últimos 10 anos. E, ao final, gostei do que vi. Este final de semana percebi os últimos 90 dias com uma intensidade doce. Doce, amável. E devo dizer que esta manhã de domingo foi marcada por uma felicidade ímpar! Palavras de afirmação assim tão cedo, depois de todo o significado daquele "boa noite" a embalar-me os sonhos...ah, os sonhos! Como posso sonhar ao seu lado....

Eu não me canso de ser surpreendida. Há uma semana foi um almoço carregado e esquentado.. Esta semana foram infinitos toques de sutileza preciosa: um almoço em mãos, uma cumplicidade absurda (e minhas botas estão limpas!). Eu poderia me perder em detalhes grandes ou pequenos de uma grande história. Mas confesso: prefiro me encontrar neles (e já me acostumo com isso)!  Fecho parênteses. 

O meu tempo poderia também ser contado nos meandros de intensidade, nas vulgaridades do dia-a-dia. Restam inenarráveis todas as características que compõem os meus dias, a minha existência. Restam indescritíveis os detalhes que tornam o meu tempo vida. E, em verdade, devo dizer que termino a noite não mais pensando em contar a vida. Encerro o dia dedicada a criar formas de vivê-la intensamente, a saber cada contorno dela, a saborear cada retoque que só ela tem. Embalo-me nos mais doces sonhos de viver, de existir. Nos mais elevados desejos de completude, de redenção. Embalo-me também na certeza da felicidade de ter-te comigo.  

28.11.10

November 2nd, 2010.



That was, indeed, one of the most sweets moments in life. To be honest, she can't recall right now a sweetest one.  
She was listening to a story of a little girl and a young guy. The story was cute (as a real love story should be), but she would never expect to hear that his heart was tight. Why, why it would be tight, she kept wondering? The answer was simple: because it was aching. She had nothing else to say than "if you say such thing I must cry..". He replied in a soft manner "then I must cry along..". 
She did turn over and the tears slipped through her face. It was probably the sweetest display of care...and he noticed her tears and his tears came along. For a few minutes the world stopped.  And everything made sense. 
Why a tight heart? As once she heard that love happens when it aches. And those tears? They were certainly not for pain, but for surrender.  
 

26.10.10



Nesta hora da noite tudo o que eu queria era colocar em palavras o que o meu ser inteiro não cansa de entoar. Nesta hora o que eu gostaria era de ouvir os rios que se transbordam falando por mim. Nesta noite o que eu queria era que o brilho dos meus olhos fosse lido. Eu queria ter a proficiência de falar de sentimentos grandiosos e inesperados. Eu gostaria de poder fazer com que o mundo todo soubesse que eu fui (inadvertidamente) absorvida por um sentimento doce. Doce, delicioso. Delicioso e leve (leve como um passarinho, uma borboleta. um burburinho! Oh..que delícia!!). Um sentimento que decido fazer sem limites, que decido fazer todo vida. Um sentimento que decido dividir simplesmente (e somente) com você. Um sentimento que (confesso) jamais imaginei que pudesse existir. Mas ainda bem que ele existe, ainda bem que te encontrei!   

10.10.10



Cada pequeno detalhe me leva à mais singela conclusão: não poderia não ser!! Cada pequeno suspiro me leva ao mais tremendo apertinho: saudades. Cada minuto antes de adormecer me leva ao mais tenro pensamento. Cada dia, cada dia...ciranda! Vejo faíscas discretas, vejo uma tranquilidade absurda. Vejo o som de vozes silentes, a marca de gestos incríveis. Nem um passo fora do centro, nem um milímetro de absurdo. Nada, nada para macular essa pequena grande verdade. E vem os pequenos, rodando, rodando, e um beijinho em cada rostinho. E depois vem os pares, a família toda acompanha. Nada, nada, nem um vestígio de incongruência. [Serenidade]. 

E esta capacidade ímpar de fazer-me sempre absolutamente confiante e segura. E a aptidão de fazer sempre com que eu fique a ansiar por mais. Uma verdade absurdamente linda....e imaculada. [Real].


10/10/2010



I love the fact that you also have tea without sugar.

13.9.10



Hoje eu encontrei com uma velha amiga. Cicciona. Para dizer a verdade, ela é mais ex amiga que ainda amiga. Eu realmente não tenho muita paciência com pessoas que ficam a me dizer o que pensar, o que fazer. Ela tem dessas coisas. Ela fica a achar que seus pensamentos são os únicos, que os seus atos (ou falta deles) são os melhores. E é exatamente por isso que nossa amizade não durou muito. 

Eu insisto em achar que lhe falta um pouco de saúde. Ela e essa obsessão toda...isso não poderia ser normal. Ela, como sempre, ficou a dizer os absurdos alheios. Exagerando cada detalhe. Ela tentou me convencer a juntar sacos e sacos de tralhas, me desfazer de um mundo ("nem que seja para jogar tudo pela janela", dizia ela). É isso, é exatamente isso que me faz não tolerá-la: essa necessidade absurda de querer controlar o que não lhe diz respeito!! 

Por um tempo ela me pareceu fighissima, mas logo percebi que não nos daríamos jamais. E foi nessa época que nos afastamos. Um verdadeiro divórcio. Eu parei de ouvir seus recados, comecei a ignorar tudo aquilo que vinha dela: seu modo de pensar, suas palavras, seus atos....sua presença. Hoje eu evito, inclusive, os lugares que frequentávamos juntas.

Eu a ignorei. E desde que me afastei daquela schifosa minha vida mudou muito. Parece bobagem, mas é a mais sincera verdade. Hoje ela decidiu dar o ar da graça ("desculpa, alguém te convidou??"). Ela veio como nem não quer nada, quis dividir um chá, contar que achava um absurdo ele não checar como ela estava, blabla. Eu é que acho um absurdo ela se importar com isso, se me é permitido ter uma opinião! Ela deveria parar de pensar que essas bobagens me importam!! Talvez assim ela parasse de perder seu tempo conversando comigo, desfilando essas bobagens que há tanto não me importam. Mas acho que ela ainda não se deu conta de que não temos mais uma relação. Ela conseguiu ser absolutamente inconveniente. E a pior parte é que ela me tomou um tempão do meu dia...e tempo perdido não volta atrás!

Bom, mais uma vez repeti as razões que me levaram a não mais querer que ela fosse parte da minha vida. Disse que não mais tomarei chá ou coisa que o valha com ela, mesmo que me diga que tenha "algo muito importante para dizer". Eu tentei ser enfática o suficiente para que ela entenda, de uma vez por todas, que esse relacionamento não existe. Ela que busque alguém que goste de ouvir opiniões e palpites (não pedidos); alguém que tenha maior tolerância aos comentários maliciosos e impertinentes que só ela sabe fazer! 

Crueldade? Crueldade é falar sobre assentos de ônibus, sobre cremes alheios, sobre faltas de respeito, sobre tralhas...crueldade é aparecer sem ser convidada e querer tomar os meus chás recém chegados da Polônia, enviados com tanto amor. Isso sim é falta de caráter e crueldade!!
   

5.9.10

Turkey (not the Potbelly one!)



Last night I dreamed that the airplane landed and I read a big board saying "Welcome to Turkey". I simply thought: "Neat! I always wanted to visit Turkey anyway!!". Then I started wandering around the airport and I remembered that someone once told me that it was not nice for a lady to be walking alone in a certain country.......I tried to remember which country it was, but since I couldn't, I figured out it might as well be Turkey, so I decided to be careful (In fact it was not Turkey. Now that I am awake I remember which country it was, but I'd rather not mention it here).

I started trying to find a cab but I saw none. So I went to a group of police officers and asked them where I could get a cab. A nice policewoman told me that she could call for a taxi for free for me; she just needed the address of the place I was heading to. I told her I didn't know...so she said she couldn't get me a cab.

I had no clue why I arrived in Turkey and where I was going afterwards. I had a feeling that I might be going to Germany in 3days, but wasn't sure. I had no guides, no idea of what was about to happen and why I went there. The simple fact that I was in a neat place was enough. I thought about going to a Hotel, but I wasn't sure how much money I should spend, since I didn't know for how long I would be staying there. At that point I assume I should be trying to figure out what to do next, but I simply remained there chatting with the group of police officers. They were all so nice to me. One lady mentioned that she was also a foreigner and I asked her from where...she replied, in French (but with an accent), that it was not a neat place. I kept looking at her face imagining where she could be from...I had a guess but I didn't dare saying it, as she would think that I figured out her origin just for listening that her country was not interesting. And for a moment I wondered if there is such a thing as an uninteresting country. But then we just kept on chatting. After few minutes I knew that 2 of them were a couple, but their high officer shouldn't know that. We were all chatting, as old friends. I had the feeling that the foreigner one would invite me to stay at her place while I would be in Turkey -- we were already too good friends. At a certain point I said something in Italian and then corrected myself back to English.....then I told them the only sentence I know in Turkish....... And even when they were all talking in a language I can't distinguish a sound, I felt like I could. Everything was so natural....so normal. 

Estranho esta coisa de sonhar com a Turquia. Mais estranho ainda uma Turquia sem planejamento, sem causas ou finalidades claras. Estranho o contentamento apenas por estar em um lugar diverso, carregado de possibilidades infinitas, cheio de novidades. Eu não consigo me lembrar se falei da minha origem, mas acredito que não. Souberam que eu não era dali e isso foi suficiente. Como aquela outra, que se disse estrangeira......bastou dizer que não havia nada demais naquele detalhe de nacionalidade para que o assunto fosse interrompido (em Francês). Tentei entender suas feições, seu olhar. Eu a havia tomado por Turca, e muito bem ela poderia sê-lo. Ela saiu de casa (Onde é casa? Where is home?), fez novos amigos, aprendeu uma língua diversa e vestiu um uniforme. O que mais precisava para ser um deles? Ponto e basta. 

Gostei de experimentar um absoluto acaso, cheio de possibilidades. Sei que não saber para onde vou não costuma me parecer muito interessante. Sei bem que fiquei enfadada de não poder planejar os próximos meses...sei que muito por isso eu decidi trocar de prioridades não há muito. 

I indeed gave up much to be where I am right now. I gave up concrete things for something else....I am still fully confident it was the correct choice. And I want to pay off the debts I left for not helping those kids in D. just by being able to do what my heart burns for.....I can still work with the things I love....but in a different perspective (It is the first time I write about that...still not in a concrete way, but it is a start). 

I did so much in order to not be unaware of the following months but what is life if not an airplane that takes you anywhere (as Turkey, why not?!)....for those who shared with me the feeling of having soup or vegetables with curry and a touch of "despearation" for not knowing where we would be in a while, I really don't need to say much. 

But it really surprised me that a dream would make me acknowledge that even working hard to have roots one can never know for sure where he is heading to. And even though it could be a little dangerous for a lady to be wandering around, it is unbelivable interesting to deal with the huge and amazing board saying "Welcome to Turkey!!", a place you didn't plan heading to. 
  

 
 

 

2.9.10

Per A.



Querida Amora,

Eu sei que talvez não devesse estar te escrevendo por agora. Mas o faço porque esta noite eu quis poder colher refúgio na sua casa, ao seu canto. E você não saberia jamais se eu não ousasse falar. Esta noite quis fazer promessas em P.S.S.´s infinitos, quis ouvir sobre os braços perdidos de Piteco. 

Esta noite queria terminar um mundo e abraçar um universo... Esta noite eu quis muito poder perder as minhas raízes (e eu tenho isso?), quis ver tudo parar. Esta noite eu não me senti cansada, mas sim verdadeiramente consumida. Esta noite queria poder descontar os espaços e tempos que nos separam para criamos nossas conversas infinitas. Queria esquecer de todo esse mundo jurídico absoluto que me circunda...(só por alguns instantes! Meu esquecimento não duraria mais que isso!).  

Eu fiquei por pensar sobre a nossa incapacidade de concordar com praticamente tudo...fiquei a me perguntar se, em breve, algo será diferente. Fiquei a me lembrar das minhas visões obstinadas de existência, de suas teorias livres. Eu tive certeza que eu me encantaria com suas novas histórias, e que eu te encheria de liberdades ao me ouvir falar. Eu tive certeza de que não precisaríamos de nenhuma massa para acompanhar  o vinho. Nós, esta noite, certamente releríamos o passado com os olhos de contemporaneidade. Criaríamos subterfúgios para reviver o que nos parecesse aprazível (!) e para macular lembranças desnecessárias.

Abro parênteses: sabe o que eu queria mesmo? Queria segredar confissões, falar certezas, pauras, convicções, gracinhas e relatar detalhes inescusáveis de pensamentos tortos, só para ter o prazer de ouvir sua gargalhada gostosa a rir de minhas intensidades, de te ver fazer das grandes questões pequenas bobagens. Ah! Como eu queria isso tudo esta noite!! E queria ouvir meus argumentos serem massacrados por listas; queria sentir o viço de rechaçar suas inquietações sobre a minha fala, para, juntas, construirmos teorias novas e sensatas (ou não!).......queria também te contar que o silêncio tem já o poder de me irritar e que, cada vez mais, me entrego nas entrelinhas das conversas do dia a dia. Isso mesmo! Fecho parênteses.

Amora, agora eu me vou. Não para o canto da cama sua...esta noite não. Aguardo o meu presente de aniversário com os braços tão abertos que poderia abraçar o mundo (quem sabe eles não chegam ai para trazê-lo, confortavelmente, para cá?!). Saiba que eu te amo tanto tanto e que, em breve, poderemos reinventar nossas (novas) individualidades juntas....a essência jamais muda, mas quem melhor do que nós para sabermos recomeçar (e para entendermos isso em meias palavras). Tenho saudades de você sempre....tenho saudades de mim em ti. Amo você! 

31.8.10



A primeira vez que me apaixonei achei que o mundo pudesse parar de girar pelos meus sentimentos. Nada mais óbvio do que aquele amor. Ele lia nos meus olhos que nada mais fazia sentido a não ser por ele; e sabia, em seu íntimo, que nada jamais se concretizaria. Como eu sei disso? Simples: não só porque tínhamos um  amigo em comum (que era mais amigo meu do que dele), mas também porque eu tinha pouca idade, mas não pouco entendimento. Eu jamais li tanta Filosofia na vida! Hoje tenho a felicidade de saber que nada aconteceu -- não apenas porque era certo que eu me daria muito mal, mas também porque macularia todos os meus sentimentos posteriores. 

Ele nunca soube que sou grata por ele ter resistido a qualquer possibilidade e que, ao mesmo tempo, sou grata por saber que fui faíscas de encanto. Essa história toda, cheia de detalhes hoje irônicos, marcou de forma interessante. Eu discutia assuntos de adultos com uma capacidade incrível, lia tratados sobre temas que me fugiam qualquer entendimento. Passava tempo a divagar sobre profundezas que não concerniam à minha idade e passava horas a lamentar sobre a data impressa na minha carteira de identidade. Para tornar a situação ainda mais inusitada, os meus pares começaram a entender que o objeto da minha afeição era outro...aquele que não aceitava que eu gostasse do seu amigo. Ele me dizia para olhar para os lados, criou a famigerada "lista dos 5", tentou arrumar nomes que fossem mais compatíveis comigo, repudiava o meu afeto de todas as formas...dizia que era uma cisma, apenas.......mas nada disso ajudou muito. Enquanto foi tempo de amar o meu primeiro amor, eu o amei. Da forma mais platônica possível, mais intensa, mais devota.          

Hoje retomei essas lembranças mais do que antigas por uma razão simples: naquele tempo eu queria muito que as coisas acontecessem, eu sabia onde encontrá-lo, sabia o que dizer, não tinha medo de nada nem de ninguém. Hoje eu não me entrego mais a tais devaneios. Inclusive, hoje eu me encontro muito feliz por saber que praticamente todo domingo é dia de flores...vou montar um jardim belíssimo com todas essas flores, com toda essa promessa de amor real. Daquela primeira paixão guardo algumas lições, uma repulsa pela Filosofia e a certeza de que nesses últimos 12 anos e 340 dias eu fiz nada mais do que viver intensamente. Eu explorei o mundo e todas as possibilidades de existência que me pareceram boas. E hoje posso, facilmente, dizer que espero, verdadeiramente, que esse jardim ora por montar seja dividido com aquele que decidiu me encantar e que eu decidi admirar. 

16.8.10



Da infância guardo, por vezes, uma nostalgia distante. Por outras, sentimentos que por ora não cabem ser expressos. Mas desta noite quero guardar a felicidade de relembrar o "pão de jacaré". 
Quando muito pequena ficava horas a dançar com as primas mais velhas (com direito a competições de olhos fechados), passava tempo a imaginar o nome dos 10 filhos que eu certamente teria (embora não conseguisse jamais nomear todos eles -- ainda bem, arriscaria dizer!) e tentava convencer uma prima mais nova que deveríamos nos mudar para a Hungria. Eu tinha uns 7, talvez 8 anos; K. tinha 5 ou 6. Afinal, por que não nos mudaríamos para a Hungria??

Mas às vezes também fazíamos coisas de crianças (talvez) normais: brincávamos de pão de jacaré. Era uma brincadeira simples. E restrita. De todas as primas, apenas nós 3 participávamos. Nas nossas tardes A. e eu éramos gêmeas e K. nossa mãe. Filhas rebeldes, sempre comíamos escondido todo o pão de jacaré (imaginário) que tinha na casa; depois ficávamos com dor de barriga e apanhávamos de nossa brava mãe. E o jogo se repetia..

Esta noite fui feita lembranças de pão de jacaré, lembranças de um tempo lúdico e pueril. Esta noite fiquei feliz em ganhar um pão no formato de um jacaré. Que iguaria! Uma rosca de jacaré, com olhinhos e tudo mais! 

K. vai se casar no próximo mês (sim, a este ponto parece óbvio que jamais moraríamos na Hungria); A., como boa irmã que é, se enveredou por caminhos distantes para ajudar a entregar convites do casamento da pequena irmã. E em algum local (mágico) achou uma rosca com o formato de um jacaré por vender. Não hesitou: comprou o pão que, em verdade, até hoje jamais havíamos provado. 

Existem momentos, memórias e risos que são impagáveis. Fico a me perguntar como uma brincadeira tão distante no tempo e tão despretenciosa poderia me deixar tão feliz por se fazer memória nesta noite. Acho que o que resta dizer é, simplesmente, que sou eternamente grata pela amizade que sempre tivemos -- e que para sempre manteremos. Amo vocês!!       
   

15.8.10



Não quero nada nem ninguém para me dizer o que fazer, me dizer o que sentir. Não quero nada nem ninguém para me contornar as inexatidoes, para me controlar o alvorecer. Não quero nada nem ninguém para me limitar. Não quero nada nem ninguém querendo saber quando vou chegar (e como foi). Não quero nada nem ninguém para me restringir. Simplesmente porque não tenho limites, porque não quero ninguém para me fazer bailarina de caixinha de música. 
Não quero nada nem ninguém que me tire a liberdade de respirar segundo a minha vontade. 
Não quero nada nem ninguém para me tolher palavras, cortar sentidos.
Não quero nada nem ninguém que me espere curar-lhe as inexatidões, guardar-lhe os passos. Não, jamais. Não nasci com a possibilidade de ser limitada e tampouco de limitar os demais. 
Eu não quero esta limitação limitante. Nao sou dada a esta vidinha previsível das 9, não me enquadro nestes roteiros repulsivos.   
Não quero viver de sonhos; eu quero viver de um ar que transcende qualquer entendimento. Quero viver de realização de planos, da concretização das mais Perfeitas vontades. Quero ser levada a lugares cada vez mais altos, mais distantes de mim mesma. Quero chegar a experimentar sabores jamais conhecidos. Quero a completude, quero a leveza. Quero Tudo, ao passo em que quero apenas afastar-me de tudo aquilo que é tão proceloso.

12.8.10



O relógio vai bater meia noite logo e ela, apesar de estar de pijama já há alguns instantes, insiste em pensar que não é hora de dormir. Ela me conta que tem saudades de tomar vinho orgânico. Seco. Eu tento, em vão, avisá-la que não poderia ter vinho orgânico a esta hora, neste dia. Ela me confessa que este pijama é o seu preferido. Eu tento entender, sem muito refletir. Afinal, para alguém incapaz de repetir um pijama duas noites seguidas, essa confissão pouco importa. Ela me diz que queria amar loucamente, queria se perder e se encontrar em olhares sinceros, em abraços cheios. Eu digo a ela que nada me faria mais feliz do que vê-la se derramando. Ela me conta segredos de meninas, faz confissões de doçura tortuosa. Eu escuto, cada detalhe, e fico a entoar pedidos secretos. Ela me conta detalhes impronunciáveis, me segreda  profundezas de questionável razão. Ela fala de coisas que nem a sua namorada sabe. Ela discorre sobre silêncios, sobre falas. Eu fico a espreitá-la. Não tenho muito a dizer neste momento. Ela fica a tocar o pé, ligeiramente dolorido. Conto a ela que nossos pés realmente podem padecer um pouco, mas que não há nada mais belo que um failli-assemblé. Ela emenda a história, repetindo que acha interessantíssimo ter dois homens naquela sua turma tão cheia de estrogênio. Concordamos que eles dançam muito bem, sem leveza, sem ponta, sem saias rosas. Ela boceja, de leve. Mas continua a desfilar afirmações sem sentido. Lembra-se de um texto que eu escrevi e que jamais divulguei. Lembra-se daquela transformação em lua cheia, de dissoluções na cadeira da cozinha, de vontades trôpegas. Ela está impossível esta noite -- não para um segundo essa menina! Eu não quero macular toda essa espontaneidade que só ela tem, mas também não quero deixá-la me consumir. E é simplesmente por isso que irei recostar-me agora. Espero que ela não se rebele e venha junto para os braços de Morfeu. Ela diz que vem, mas não sem antes que eu explique as razões do último texto. Dou-lhe um beijo na testa e digo que não posso...agora não. Conto-lhe que que foi algo que transbordou. Apenas. Digo-lhe que não se importe com isso, afinal, existem coisas que são só minhas, e que fogem, inclusive, à ela. Ela sorri desentendida e me diz boa noite. Afirma, entretanto, que apenas poderá dormir após uma última afirmação:  Diz que ficará muito feliz se a mim for concedido um vinho tinto. Seco. Como o que ela gosta. E todo o restante do pacote. Completo. Eu sorrio leve e, agora, posso dormir.         

27.7.10



Dizem por ai que o ponto de vista é a vista de um ponto. Eu não vejo um ponto: vejo vários. Vejo uma reta, um desenho, um caminho, uma trilha, um final. Um final sem ponto. Talvez com três pontos (só porque eles me são aprazíveis). Um infinito de pontos a trilharem a existência, a ligarem os dias, a guardarem os cantinhos discreto de cada pulso. 

Na vida criam-se teorias, correntes, vertentes, visões. Estágios. Fases. Mas ela é uma. Uma vida, um universo. Cheio de possibilidades. Cheia de pontos, cheia de vistas. A visão da vida pode ser restrita como uma teoria limitadora, ultrapassada, minoritária. Ou trazer consigo as asas da liberdade. A vida é bela assim, carregada de sonhos, levada nas asas daquela velha amiga borboleta. 

A este ponto todos os pontos trazem consigo um balanço sereno. Seriam, talvez, os toques do fármaco ou os embalos da noite a levarem para bem distante as palavras. Nada mais para fazer sentido a este ponto. Mas afinal, com um universo tão plural, seria mesmo necessário que este sentido se fizesse um ponto? Encerro com reticências após esta pergunta retórica.

10.7.10



Estou me estranhando. Estou mudando. Mudando, mudando. Mudei. 
Eu tenho minhas urgências. Algumas são intensas como a chuva. Outras são leves como um passarinho. 
E eu era uma ontem, uma hoje cedo, outra agora. As reminiscências que me compõem jamais se abalaram tanto como por agora.  
Deixo de ter medo de minhas escolhas, medo dessa mudança obscura. Deixo de entrever os detalhes pela janela e me lanço à porta como um tiro de canhão. 
Deixo de ser cada dia apenas não óbvia, somente para me tornar o inesperado. 
Estou ouvindo meus anseios, meu norte. Estou sendo absolutamente consumida pela minha transformação. Estou sendo feita novidade, estou descobrindo novos sonhos, novos caminhos.  
Estou mudando. Mudando, mudando. Mudei. E não me estranho mais. 
 

17.4.10

17 de abril de 2010



Neste momento tenho uma ponta de medo do que se encontra sob este vestido negro e esta maquiagem perfeita. Neste momento tenho medo deste silêncio que não sei se quero que se faça palavra. Neste momento o simples movimento da noite me leva a querer calar-me vez outra, a querer espreitar o mundo do alto dos meus saltos. E não proferir qualquer julgamento, qualquer comentário cheio. Nesta noite não trago pretensões de praticamente nada..a não ser de mirar a vida que circunda minha existência; e de admirá-la como se a visse pela primeira vez, como se fosse nosso primeiro encontro. E talvez isso seja já suficiente para quebrar qualquer medo desta aprazia pelo silêncio. Esta noite vou me contentar em pensar que todas as minhas palavras são consumidas por eu estar perfeitamente bela e vou ficar, despretensiosamente, a admirar a vida.


Tirando os momentos em que sou uma absoluta mulherzinha, eu sou praticamente um homem.

"Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar." Clarice Lispector

16 de abril de 2010.



Esta noite vislumbrei detalhes de algo que, muito possivelmente, jamais se concretizará. E meus detalhes tinham sabores. Alguns sabores doces, outros um pouco aspéros. Mas, sempre, absolutamente intensos. Um devaneio destes gostosos, devaneios alados, brilhantes.

Mas eu acabei por me assustar um pouco ao notar que meu vislumbre ficou apenas por estes detalhes...em meus devaneios não consegui imaginar nenhuma conversa que tornasse aquela situação mais significativa. Não. Nada além daquela intensa sinestesia.

Abro parênteses para pontuar que eu realmente não sei se isso poderia ser diverso, uma vez que quem criou todo o quadro foi a minha mente, ora tão tortuosa. Fecho parênteses.

Os detalhes ficaram ali, guardados naquele tempo e espaço criados pela minha mente. Mas o silêncio assustou um pouco...assustou pela incapacidade de se fazer palavra (mesmo que fosse parte da minha criação). Assustou por ser um toque tão marcante nesta pequena grande existência. Assustou porque devaneios deveriam ser perfeitos, e não quebrados. Assustou porque pareceu que carregou em si a verossimilhança com a vida minha. Mas aqui peço permissão para afirmar que estou aprendendo, dia após dia, a encarar de forma mais absoluta os papéis que entendo pertinentes (e que fique claro: não os que me são delegados). Encaro, sobretudo, o papel de mulher não óbvia que sou.

Mudando do devaneio para o onírico, essa noite sonhei que estava em outra casa. Era uma casa com retoques do apartamento da rua com nome de poeta e advogado em que cresci. Mas eu transitava em um espaço imaginário que ligava as janelas dos quartos..um espaço do lado de fora do prédio. Um espaço que me permitia ver todo o fora mas também poder entrar nos quartos - se assim eu decidisse. No espaço que criei na noite anterior eu antevi o grito pela mãe, uma necessidade de segurar no parapeito, um pouco de pânico ao vislumbrar a liberdade de pender o corpo..no meu sonho eu retornei de uma janela para outra, entrando em uma outra parte do meu quarto (parte que no sonho eu sequer lembrava que existia e que não tem qualquer referência com o quarto real). Quando entrei nesta parte do quarto percebi que ela estava com a porta trancada. E eu decidi então destrancar a porta -- que era de vidro. Não me lembro a razão que me levou a estipular que, a partir de então, a tal porta ficaria aberta, mas me lembro bem porque eu mantinha ela fechada. Nada mais do que porque se alguém entrasse por ela poderia chegar ao outro lado do quarto, onde eu ficava, sem passar pela porta principal. E eu poderia não me dar conta de que alguém adentrava por aquela porta. Eu não me lembro ao certo o que aconteceu depois. Mas entendo que cabe a mim decidir o que acontece quando o vidro é aberto e expõe aquele local que sequer eu lembrava eu que existia.

Antes de pedir com licença deixo a Clarice Lispector trasbordar por mim:

"Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso."

7.2.10

Dia 06 de fevereiro de 2010.



PS: Acho que finalmente minhas palavras estão tocando o que tem forma. Reticências.

6.2.10

Dia 06 de fevereiro de 2010.




Quando se esvairão estas disfuncionalidades? O que estou a buscar com tudo isso?
Tive outro pesadelo esta noite. Mas desta vez algo um pouco diverso (ótimo sinal, arriscaria dizer!). Meu pesadelo foi interrompido porque acordei gritando. Eu estava chorando e gritando em sonho e acabei acordando em meio a gritos. Na verdade não fazia sequer muito sentido...esta coisa de se sonhar que para ir bem em uma dinâmica seria necessário demonstrar emoção, agir naturalmente, com espontaneidade. Sim, espontaneidade...ou talvez fosse impulsividade. E ao ouvir isso comecei a agir espontânea e impulsivamente enquanto questionava a ligação entre agir assim e ter as características necessárias para mediar qualquer situação. Enfim, foi neste cenário de desespero e gritos que me despertei hoje.
E não sei ao certo porque esta disfunção está tomando contornos quase incontroláveis...que tarde! (...) Já é noite. E resta um suspirinho de indagações e um tanto de assuntos e pensamentos pendentes. Poderia quedar-me envolva por um invólucro plástico ou por uma nova redoma de vidro (the bell jar..the bell jar!). Ou poderia fazer as coisas de uma forma diversa desta vez. Sim, esta idéia muito me apraz! Já não poucas vezes me deleitei (sim, deleitei) nos sentimentos de incompreensão, de dor, de vazio. Mas através da criação de uma melodia só minha entendo que será possível fazer diferente desta vez.
Na verdade, outrora refleti sobre a sensação de abuso perpassando tudo. Mas agora estou pensando que não é esta a questão. O ponto crucial seria, talvez, o medo do abandono, da rejeição. Isso se tornou bastante óbvio através das posturas dominantes que assumi no passado recente. Um comportamento quase de um general russo (daqueles que receberam treinamento soviético) controlando milimetricamente as possibilidades de não ter conversa, risotto e vinho antes de ir para casa.  Na verdade, este exemplo talvez tenha despontado a minha percepção comportamental de tanto tempo.
Continuo a afirmar que nada que se inicia traz consigo a promessa de um fim perfeito, mas a verdade é que não sei lidar com as possibilidades de finitude. Mas este fato também parece ser facilmente entendido quando se conhece minha história de vida.
As incertezas acompanharam praticamente todos os momentos, assim como as buscas em ser absolutamente agradável - e perfeita. Enfim, um objeto amável com constância. Apesar de todas as inconstâncias.  Abro parênteses: Sim, as inconstâncias me fizeram refém de alguns medos, de um coraçãozinho disparado ao ouvir a maçaneta se abrindo, de alguns comportamentos milimetricamente planejados. Não saber se no próximo momento seria eu a coisa preciosa ou o estorvo absoluto impôs alguns traços de personalidade marcantes. Para ser sincera participei deste jogo todo o tempo, mas nunca soube direito onde me encaixar entre todas estas oscilações. E ainda não sei. Às vezes questiono o amor. Ou seria a forma de se amar? Não sei.
Acho que isso é crescer. É entender que as coisas são como são. E isso basta. Basta compreender para que se possa mudar. Talvez não mudar uma situação em que somos sempre figurinistas, mas mudar as situações em que somos atores, as situações de uma vida que geramos, respirar após respirar. E ao compreender os flagelos e amores que cada qual traz em seu âmago compreendemos a beleza de viver. Por mais difícil que possa parecer ouvir a si mesmo, debater com seus pensamentos, seus atos incondicionados, sua forma de agir e pensar, refletir tem se mostrado ser, efetivamente, a melhor forma de crescer. E por isso sou grata a cada dorzinha que ecoa quando tento digerir um sentimento ou ato que, até então, se fazia automático. Como é lindo viver!!

(No telefone...)
O meu texto deveria continuar, mas a este ponto apenas tenho a dizer que é impagável sentir o viço de vida a transbordar meu ser. Obrigada a ti.  

5.2.10

Struggling (Dia 5 de fev.de 2010)




Da quando ho trovato la funzione shuffle del mio Sansa non sò mai quello che sentirò fra qualche minuti. Ma anche la vita sembra un po` cosi, non?
I am struggling. I must admit that truth...another time.
In fact it is just so awkward to be seeing faces that shall not be seen around this city, it is so awkward to go kissing cheeks on the wrong side, it is so awkward to think before saying excuse-me. É tão estranho….as coisas passam desapercebidas quase o tempo todo de consciência, mas nos momentos mais inusitados (distraídos) surge uma reflexão profunda antes de pedir “com licença”. Surge também uma confusão mental a respeito da primeira bochecha que deve ser beijada em um cumprimento. E seguem-se os dias.
Abro parênteses: Yes, I guess I am indeed messing up with them, S. Devo smettere di prendere queste medicine. Actually, yesterday I got into a funny incident when I needed to say out loud what I really needed doing at that moment…(Xiiiiiiiiiiiiiii, não diga!)…poor little listener of mine! Poor little me saying that out lout to my listener. And today I am also struggling with a bit of a back ache. Oh well…lasciamo perdere. Fecho parênteses.
This little (glued) heart of mine. Oh, little heart…oh glued thing!  At the moment “Indecision” could be my surname. Or confusion: for the very same matter of fact. To be honest I am having troubles to pick little things, to make simple decisions, to keep on focusing on the big picture. But I know it is a process, it is natural (after all……) and that things are getting more and more clear day by day. But that part that makes no sense in this big picture is the fact that I am absolutely convinced that one very specific thing worth being fought for. I could say that maybe it is because I have this glued heart and nothing is like once it was when you need to use glue to recover its shape. But also I could understand those thoughts as part of my well known obsession, the need to be absolutely committed to a cause, to a thought.
On the top of everything I keep on asking myself what I am looking for with that posture of mine. In fact, I could claim that I am just looking for living. And that is indeed more than a reason to keep walking towards that direction. But in the other hand, I am not sure if that is the calling for this situation….let’s see, I assume.
Sono tutti e due pazzi, ma parlano la stessa lingua, hanno una storia simile e magari riusciranno insieme a fare valere la pena. Una historia cosi non si butta via facilmente. Cosa me ne dice?  Sim, são ambos loucos, mas eles falam a mesma língua, têm uma história semelhante, e talvez tenham a capacidade de fazer tudo valer a pena. Memoravelmente.  

7.1.10

Epílogo do monólogo



Recentemente tenho pensado bastante sobre a diferença entre aqueles que estão mortos e aqueles com quem não mantemos quaisquer laços (mas que vivem). Não cheguei a nenhuma decisão resolutiva, mas devo dizer que já abandonei as linhas do pensamento após um pouco de centrada reflexão. Acontece que me pareceu não ter tanta diferença (prática), a não ser o fato que os vivos podem (eventualmente) manter qualquer diálogo, responder dúvidas, expressar as moções de seus pulsamentos. Já os falecidos nos deixam (sempre) com os meandros do monólogo.

Desde muito pequena me acostumei a criar cenários e falas. Situações perfeitamente articuladas. Com diálogos bem definidos, figurinos detalhados, em um cenário absolutamente descritível. E os anos se passaram e tal atributo não se esvaiu. Muito pelo contrário, possivelmente se tornou ainda mais elaborado.

Mas não raro os monólogos rodeiam os que são vida (aqui devo também me implicar). Mas não deveria ser assim...muitas vezes. Porque em um sopro (puff!) tudo se esvai. E restam as lágrimas (novamente, mas desta vez inconsoláveis), a dor e os monólogos mentais.

Talvez o silêncio não devesse se fazer tão constante. Talvez devesse. Na verdade eu arrisco a dizer que os silêncios, por si só, podem ser até bastante aprazíveis; mas se os silêncios existem ao passo em que monólogos mentais são construídos, certeiro é que algo carece de tintura de iodo. Uma operação delicada de exposição deve ser criada. E por este motivo os diálogos se tornam praticamente mandatórios. E causam a redenção daqueles que viviam submersos em monólogos.         

 

Ruth 3:18 em 07.01.2010, 3:12.



Engraçado. Em um dos pesadelos que tive ano passado (talvez o pior de todos, vez que acordei gemendo e em lágrimas em um quarto com outras duas pessoas) o telefone tocou duas vezes. E a voz do outro lado não era aquela que eu buscava. Pânico. Dor. Lágrimas. Não foi por pouco que quase deixei de ir para Polônia. Questionei sobre a volta para casa. Não era nem mesmo a Páscoa.

Ironia. Em uma ligação no meio da noite da primeira semana de janeiro a voz do outro lado me entrega (derrama) nome de assento de banco de ônibus de Torino. Uma realidade quase Kafkaniana. Seria um pesadelo distorcido, bem possivelmente. O telefone a tocar duas vezes. O telefone atendido. Uma explicação que não se faria necessária caso não fosse orquestrada (chicoteada) por alguém. Pitoresca cena.

Um X. O X da questão é que esta questão não tem X. Tudo parece tão subliminar (pesadelo) que beira o enlouquecimento de Ismália. Mas mal sabia Alphonsus que aquele desvario faria um sentido (quase poético!) na vida dos que não querem se perder entre a lua do céu e a lua do mar.  Eu continuo a amar Ismália, a pobre coitada presa na torre. 

E seguem-se as incongruências. Eu, vez outra, peço com licença. E para quem queria ouvir o adeus, bastava se adiantar. Mas não, parece que essa condição não seria fato. Ou ato. 

No meio desta noite não existe lágrima copiosa, lágrima incipiente ou qualquer reação do tipo. Não. Resta uma pontinha de um sentimento que cá não se deve fazer expresso. Além de uma humilhação que, se era parte da sinfonia (rodeio espanhol), jamais se concretizou. Sem mais.


Em PS cabe ressaltar que o pesadelo saiu pior que a encomenda. Assim, sem grandes surpresas para esta madrugada.
Em PPS dou um suspirinho. Uffa (em Italiano)!!
E para fechar (ouço o espanto e noticio um sorriso discreto no canto destes lábios) possivelmente amanhã o suspiro homônimo será dado em Português.

Senza titolo. Niente di più. 06 gennaio 2010.



Hoje me perguntaram se ainda gosto de você. Minha resposta, com olhares ao horizonte, foi que não acho que jamais gostarei de alguém assim. Indeed, I did say I do. Not that it changes anything. The real truth is that I messed up, you messed up and it is all far away past. But I am fully aware that I keep messing up every single moment in which I even care about replying to such questions or to rationalize such feelings.



Not that love is suppose to fade; nor that this kind of feelings is the one and only manifestation of love. No, not at all. Not that you are perfect (or for the sake of my argument, were perfect), not that you cared about me better than anyone else, not that you fulfill my dreams, not that you share my thoughts. But for some uncountable reasons you kept your place. (And the bells rise in a symphony: Silly C, silly C..).



Could it be diverse: Maybe. Maybe the entire path could have been diferent. So many maybes. Maybe one could be alive, maybe one could be near, maybe one could be none, maybe the eyes could have seen more and the heart have felt less. Maybe... Maybe one day there would not be you standing with that white shirt of yours seting all my breakable belongings while I was being the most annoying of all the superfecial creatures ever. But you were. And you felt for me. And from that moment on all the things were damned to be the way they are nowadays...or maybe not. Maybe we did screwed them up in a way they shouldn´t have been.



In any case, enquanto tento racionalizar o que não tem razão eu me torno um ambulante soco no estômago. E ainda devo ressaltar que jamais chego a ponto algum com tais interpretações. Sim, tudo isso sequer parece fazer sentido. Time passed by and one moves on. Curso natural das coisas. You did.(...)


E mais um dia se esvai. E que venha outro!! Porque nada melhor do que um pouco de curry para variar o paladar. Além do mais, se da pimenta e da canela restam permanentemente as memórias do passado, nada como um novo sabor para temperar os meandros da vida no presente e no futuro.



E em um cantinho discreto remanerá a sua essência (bom, ao menos a essência do que fomos. E talvez um pouquinho daquela do que não fomos também.) E mais dia menos dia estes textos se esvairão. 


E você, sempiternamente, poderá saber que deste sentimento não creio que jamais experimentarei. Quiça algo travolgente. Mas isso outra volta. Fino a adesso ho già detto tutto che c'e per dire. E basta. 

6.1.10

29 de dezembro de 2009.



Esta palavra de ordem, mascarada em atos e não atos, tem me deixado às beiras de um ataque insano.
Esta palavra, que tem ruídos de continuação e de imobilidade, tem carapuceado minhas forças. Mas se fosse por pura inércia não seria por falta de amor, Um amor puro, um amor egoístico, um amor protetor extremista. Minha nova luta vem a ser travada contra esta palavra com cacarejar de roldanas e pregos que não cumprem outra função senão a função estática a que foram concebidos para cumprir. Mas a realidade, nua e cega, faz com que meus pulsos sintam a necessidade de atropelar esta constantidade - Se é que constantidade se faz palavra!
Mas, de inércia, digo um último adeus. E agora com licança, devo começar um novo passo.