27.7.10



Dizem por ai que o ponto de vista é a vista de um ponto. Eu não vejo um ponto: vejo vários. Vejo uma reta, um desenho, um caminho, uma trilha, um final. Um final sem ponto. Talvez com três pontos (só porque eles me são aprazíveis). Um infinito de pontos a trilharem a existência, a ligarem os dias, a guardarem os cantinhos discreto de cada pulso. 

Na vida criam-se teorias, correntes, vertentes, visões. Estágios. Fases. Mas ela é uma. Uma vida, um universo. Cheio de possibilidades. Cheia de pontos, cheia de vistas. A visão da vida pode ser restrita como uma teoria limitadora, ultrapassada, minoritária. Ou trazer consigo as asas da liberdade. A vida é bela assim, carregada de sonhos, levada nas asas daquela velha amiga borboleta. 

A este ponto todos os pontos trazem consigo um balanço sereno. Seriam, talvez, os toques do fármaco ou os embalos da noite a levarem para bem distante as palavras. Nada mais para fazer sentido a este ponto. Mas afinal, com um universo tão plural, seria mesmo necessário que este sentido se fizesse um ponto? Encerro com reticências após esta pergunta retórica.

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