Quando se esvairão estas disfuncionalidades? O que estou a buscar com tudo isso?
Tive outro pesadelo esta noite. Mas desta vez algo um pouco diverso (ótimo sinal, arriscaria dizer!). Meu pesadelo foi interrompido porque acordei gritando. Eu estava chorando e gritando em sonho e acabei acordando em meio a gritos. Na verdade não fazia sequer muito sentido...esta coisa de se sonhar que para ir bem em uma dinâmica seria necessário demonstrar emoção, agir naturalmente, com espontaneidade. Sim, espontaneidade...ou talvez fosse impulsividade. E ao ouvir isso comecei a agir espontânea e impulsivamente enquanto questionava a ligação entre agir assim e ter as características necessárias para mediar qualquer situação. Enfim, foi neste cenário de desespero e gritos que me despertei hoje.
E não sei ao certo porque esta disfunção está tomando contornos quase incontroláveis...que tarde! (...) Já é noite. E resta um suspirinho de indagações e um tanto de assuntos e pensamentos pendentes. Poderia quedar-me envolva por um invólucro plástico ou por uma nova redoma de vidro (the bell jar..the bell jar!). Ou poderia fazer as coisas de uma forma diversa desta vez. Sim, esta idéia muito me apraz! Já não poucas vezes me deleitei (sim, deleitei) nos sentimentos de incompreensão, de dor, de vazio. Mas através da criação de uma melodia só minha entendo que será possível fazer diferente desta vez.
Na verdade, outrora refleti sobre a sensação de abuso perpassando tudo. Mas agora estou pensando que não é esta a questão. O ponto crucial seria, talvez, o medo do abandono, da rejeição. Isso se tornou bastante óbvio através das posturas dominantes que assumi no passado recente. Um comportamento quase de um general russo (daqueles que receberam treinamento soviético) controlando milimetricamente as possibilidades de não ter conversa, risotto e vinho antes de ir para casa. Na verdade, este exemplo talvez tenha despontado a minha percepção comportamental de tanto tempo.
Continuo a afirmar que nada que se inicia traz consigo a promessa de um fim perfeito, mas a verdade é que não sei lidar com as possibilidades de finitude. Mas este fato também parece ser facilmente entendido quando se conhece minha história de vida.
As incertezas acompanharam praticamente todos os momentos, assim como as buscas em ser absolutamente agradável - e perfeita. Enfim, um objeto amável com constância. Apesar de todas as inconstâncias. Abro parênteses: Sim, as inconstâncias me fizeram refém de alguns medos, de um coraçãozinho disparado ao ouvir a maçaneta se abrindo, de alguns comportamentos milimetricamente planejados. Não saber se no próximo momento seria eu a coisa preciosa ou o estorvo absoluto impôs alguns traços de personalidade marcantes. Para ser sincera participei deste jogo todo o tempo, mas nunca soube direito onde me encaixar entre todas estas oscilações. E ainda não sei. Às vezes questiono o amor. Ou seria a forma de se amar? Não sei.
Acho que isso é crescer. É entender que as coisas são como são. E isso basta. Basta compreender para que se possa mudar. Talvez não mudar uma situação em que somos sempre figurinistas, mas mudar as situações em que somos atores, as situações de uma vida que geramos, respirar após respirar. E ao compreender os flagelos e amores que cada qual traz em seu âmago compreendemos a beleza de viver. Por mais difícil que possa parecer ouvir a si mesmo, debater com seus pensamentos, seus atos incondicionados, sua forma de agir e pensar, refletir tem se mostrado ser, efetivamente, a melhor forma de crescer. E por isso sou grata a cada dorzinha que ecoa quando tento digerir um sentimento ou ato que, até então, se fazia automático. Como é lindo viver!!
(No telefone...)
O meu texto deveria continuar, mas a este ponto apenas tenho a dizer que é impagável sentir o viço de vida a transbordar meu ser. Obrigada a ti.
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