Querida Amora,
Eu sei que talvez não devesse estar te escrevendo por agora. Mas o faço porque esta noite eu quis poder colher refúgio na sua casa, ao seu canto. E você não saberia jamais se eu não ousasse falar. Esta noite quis fazer promessas em P.S.S.´s infinitos, quis ouvir sobre os braços perdidos de Piteco.
Esta noite queria terminar um mundo e abraçar um universo... Esta noite eu quis muito poder perder as minhas raízes (e eu tenho isso?), quis ver tudo parar. Esta noite eu não me senti cansada, mas sim verdadeiramente consumida. Esta noite queria poder descontar os espaços e tempos que nos separam para criamos nossas conversas infinitas. Queria esquecer de todo esse mundo jurídico absoluto que me circunda...(só por alguns instantes! Meu esquecimento não duraria mais que isso!).
Eu fiquei por pensar sobre a nossa incapacidade de concordar com praticamente tudo...fiquei a me perguntar se, em breve, algo será diferente. Fiquei a me lembrar das minhas visões obstinadas de existência, de suas teorias livres. Eu tive certeza que eu me encantaria com suas novas histórias, e que eu te encheria de liberdades ao me ouvir falar. Eu tive certeza de que não precisaríamos de nenhuma massa para acompanhar o vinho. Nós, esta noite, certamente releríamos o passado com os olhos de contemporaneidade. Criaríamos subterfúgios para reviver o que nos parecesse aprazível (!) e para macular lembranças desnecessárias.
Abro parênteses: sabe o que eu queria mesmo? Queria segredar confissões, falar certezas, pauras, convicções, gracinhas e relatar detalhes inescusáveis de pensamentos tortos, só para ter o prazer de ouvir sua gargalhada gostosa a rir de minhas intensidades, de te ver fazer das grandes questões pequenas bobagens. Ah! Como eu queria isso tudo esta noite!! E queria ouvir meus argumentos serem massacrados por listas; queria sentir o viço de rechaçar suas inquietações sobre a minha fala, para, juntas, construirmos teorias novas e sensatas (ou não!).......queria também te contar que o silêncio tem já o poder de me irritar e que, cada vez mais, me entrego nas entrelinhas das conversas do dia a dia. Isso mesmo! Fecho parênteses.
Amora, agora eu me vou. Não para o canto da cama sua...esta noite não. Aguardo o meu presente de aniversário com os braços tão abertos que poderia abraçar o mundo (quem sabe eles não chegam ai para trazê-lo, confortavelmente, para cá?!). Saiba que eu te amo tanto tanto e que, em breve, poderemos reinventar nossas (novas) individualidades juntas....a essência jamais muda, mas quem melhor do que nós para sabermos recomeçar (e para entendermos isso em meias palavras). Tenho saudades de você sempre....tenho saudades de mim em ti. Amo você!
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