Da infância guardo, por vezes, uma nostalgia distante. Por outras, sentimentos que por ora não cabem ser expressos. Mas desta noite quero guardar a felicidade de relembrar o "pão de jacaré".
Quando muito pequena ficava horas a dançar com as primas mais velhas (com direito a competições de olhos fechados), passava tempo a imaginar o nome dos 10 filhos que eu certamente teria (embora não conseguisse jamais nomear todos eles -- ainda bem, arriscaria dizer!) e tentava convencer uma prima mais nova que deveríamos nos mudar para a Hungria. Eu tinha uns 7, talvez 8 anos; K. tinha 5 ou 6. Afinal, por que não nos mudaríamos para a Hungria??
Mas às vezes também fazíamos coisas de crianças (talvez) normais: brincávamos de pão de jacaré. Era uma brincadeira simples. E restrita. De todas as primas, apenas nós 3 participávamos. Nas nossas tardes A. e eu éramos gêmeas e K. nossa mãe. Filhas rebeldes, sempre comíamos escondido todo o pão de jacaré (imaginário) que tinha na casa; depois ficávamos com dor de barriga e apanhávamos de nossa brava mãe. E o jogo se repetia..
Esta noite fui feita lembranças de pão de jacaré, lembranças de um tempo lúdico e pueril. Esta noite fiquei feliz em ganhar um pão no formato de um jacaré. Que iguaria! Uma rosca de jacaré, com olhinhos e tudo mais!
K. vai se casar no próximo mês (sim, a este ponto parece óbvio que jamais moraríamos na Hungria); A., como boa irmã que é, se enveredou por caminhos distantes para ajudar a entregar convites do casamento da pequena irmã. E em algum local (mágico) achou uma rosca com o formato de um jacaré por vender. Não hesitou: comprou o pão que, em verdade, até hoje jamais havíamos provado.
Existem momentos, memórias e risos que são impagáveis. Fico a me perguntar como uma brincadeira tão distante no tempo e tão despretenciosa poderia me deixar tão feliz por se fazer memória nesta noite. Acho que o que resta dizer é, simplesmente, que sou eternamente grata pela amizade que sempre tivemos -- e que para sempre manteremos. Amo vocês!!
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