12.12.07

Minha vida no primeiro (?) mundo



Quando o Comunismo acabou a terminologia que divide os países em primeiro, segundo e terceiro mundo também deviria ter deixado de existir. Na verdade esta denominação nada mais era do que a divisão dos países em capitalistas (primeiro mundo), socialistas (segundo mundo) e não alinhados (terceiro mundo). Mas, como praticamente tudo na vida, estes termos são tratados como algo diverso da sua idéia inicial. Não me lembro jamais de ter ouvido alguém se referir aos países como primeiro ou terceiro mundo como algo relacionada ao capitalismo ou ao não alinhamento. O que meus ouvidos não se cansam de ouvir é a categorização dos países em desenvolvimento (ou sub-desenvolvidos, como alguns perversos gostam de tratá-los) como de terceiro mundo e dos países desenvolvidos como de primeiro mundo. Denominação pejorativa, devo ressaltar.

Bom, de acordo com esta perspectiva eu venho de um país de terceiro mundo e estou num de primeiro mundo. País desenvolvido, capitalista, consumista e individualista, como eles mesmo se qualificam.

Minha vida aqui estes dias:

Hoje é quarta-feira, dia 12 de dezembro de 2007, 15.42 da tarde. Estes últimos dias foram surpreendentemente atribulados.

Sábado, dia 8 de dezembro de 2007.

Este dia foi previamente arquitetado para ser um dia especial e relaxante. No Domingo eu teria minha prova final de American Law, das 8.30 da manhã até 12.30, que vale pela nota inteira do semestre. Minha colega de quarto e eu finalmente teriamos nosso "roommates day". Finalmente iriamos à Livraria que há tanto estava esperando para irmos juntas, teriamos o nosso almoço que estava sendo esperado desde Setembro e eu conheceria a avó dela, coisa que desde o dia 26 de Agosto aguardava que acontecesse.

Acordamos e fomos para a Livraria. Lindo lugar! Tentei sacar dinheiro do meu VTM mas meu cartão não quis funcionar de forma alguma. Saimos de lá e fomos almoçar. Um Mac & Cheese como nunca experimentei! E quando estavamos terminando o nosso almoço Allie recebeu uma ligação avisando que o quarto tinha sido inundado mas que era para ela continuar aproveitando o dia e que era só para avisar que já tinham tirado tudo do quarto. Eu -com minha mente de país de terceiro mundo que não inunda quarto de prédio, porque tudo é feito com tijolo - pensei que tinhamos largado a geladeira aberta e o micro freezer tivesse descongelado. Só isso. Só me preocupei com meu passaporte, que estava guardadinho na mala, no chão. E com minhas folhas de scrap, que estavam na última prateleira da minha estante de livros.

Voltamos para o Chad e qual não foi a minha surpresa - ou melhor, o meu desepero! - quando no corredor do nosso andar estavam amontoadas TODAS as coisas dos quartos de todas as meninas que moram na west wing, ou seja, umas 40 pessoas. Não dava para acreditar! No meu quarto não tinha mais nada e eu não conseguia achar absolutamente nada no monte de coisas de todo mundo! Não sabia onde estava meu computador, minhas anotações para a prova do dia seguinte, minha mala com o passaporte, minha gaveta de calcinhas, nada!!

Bom, meus olhinhos se encheram de lágrimas e eu não sabia o que iria acontecer depois. Só pensava nas minhas anotações, na minha prova, neste caos. Minha house fellow disse que era um caso extremo e que eu o Housing interveria para que eu fizesse minha prova no Domingo. Ela escreveu um email para meu professor, explicando que o Chad tinha inundado e que 70 quartos tinham sido afetados, incluindo o meu. Ela falou que minhas coisas estavam inacessíveis e que eu não poderia voltar para o meu quarto pelo menos por esta noite. Homeless. Eu estava homeless em país de primeiro mundo. Tudo bem, me colocariam na sala comum do nosso andar ou no quarto de outras meninas que nao tivesse sido atingido. Mas naquela hora, sem passaporte, sem anotações, sem computador, sem gavetas de calcinha eu me sentia sem privacidade, sem dignidade, sem casa. E com saudades da minha vida em país de terceiro mundo que não inunda meu quarto.

Os fatos: Um quarto no sétimo andar deixou a janela aberta durante a noite. Lá fora está fazendo graus negativos. Resultado, o ar frio entrou e congelou o sistema de ar condicionado no quarto, arrebentou um cano e inundou o prédio inteiro, até o primeiro andar. Aqui prédios de primeiro mundo não são feitos de tijolo. Por alguma razão o quarto, o terceiro e o primeiro andar foram mais afetados que o sexto e o quinto. Eu moro no terceiro.

Aos poucos fomos achando nossas coisas na confusão e as etiquetando. Algumas das minhas anotações estavam amontoadas na minha lixeira do nosso quarto, junto com minhas Havaianas, o telefone do nosso quarto, um pouco de maquiagem e umas coisinhas da Allie. E por ai vai. Tudo espalhado no corredor e sala comum do andar.

Mais a tarde inspeção veio e liberou nosso quarto. Decidimos mudar a diposição dos móveis, já que tinhamos que "tirar o máximo desta experiência, certo?". Os amigos da Allie vieram nos ajudar a mudar as camas de lugar e, cerca de cinco minutos depois, minha house fellow passou correndo mandando parar tudo e ir para o décimo prmeiro andar porque lá também estava inundando. Saimos correndo escada acima para ajudar a esvaziar os quartos de lá. Eu ia subindo as escadas com a sensação de que este dia era um pesadelo e que não terminaria nunca.

Bom, depois disso decidimos esperar até o final do dia para voltarmos com as coisas para o quarto - só para não termos que, eventualmente, tirar tudo novamente.

Na hora de voltar para o quarto fomos achando as coisas espalhadas pelos corredores, recebendo roupas de outras pessoas nos nossos quartos por engano, não achando algumas coisas. O nosso tapete ficou perdido mais de um dia, assim como meu abajour, uma gaveta inteira da Allie e algumas outras coisinhas.

Voltamos. Quarto com nova disposição, eu liberada da minha prova no dia seguinte e com uma dor de cabeça chata.

Domingo, 9 de Dezembro de 2007.

Acordei me sentindo mais que exausta. Estava consumida. Agora que já estava de volta para o meu quarto, com as coisas "normais" decidi que podia ligar para casa para contar o que tinha acontecido.

Eu e a Eva (chinesa), minha colega de sala, estavamos esperando a semana toda para irmos ao Capital, museu e almoçar juntas no japones depois da nossa prova final. Desde o Domingo anterior estavamos estudando juntas MUITAS horas por dia para esta prova.

Não só fiquei chateada por adiar a prova e ter que mudar toda a minha agenda para a próxima semana, com meus horários de estudos e tal, como me preocupei de ser afetada por fazer a prova de segunda chamada. Por quê? Porque aqui em país de primeiro mundo individualista e competitivo, os professores dão as notas em comparação com os outros alunos. Para você tirar A não basta responder o que está sendo perguntado. Você precisa responder melhor que os seus colegas. As anotações de aula são vendidas. Rola comércio negro de anotações até mesmo do monitor, que escreve "favor não passar minhas anotações para frente sem o meu conscentimento." Eu, estudante de terceiro mundo solidária, emprestei meu caderno para uma menina da Indonésia o semestre inteiro. Quando fui estudar com a Eva soube que ela tinha minhas anotações. A outra menina passou para ela e não sei se/e para quem mais.

A minha preocupação não era mais quem tinha meu caderno, mas sim como o meu professor vai comparar minha resposta com a dos meus colegas se os casos serão diferentes.

Enfim, nada daria para ser feito. Dia longo. Longuíssimo. Passei a tarde - até meia noite - na biblioteca.

Segunda-feira, dia 10 de Dezembro de 2007.

Fui na faculdade resolver a segunda chamada. Ficou agendada para quarta-feira, 9 da manhã, porque amanhã vai ter tempestade forte de neve.

Tentei sacar dinheiro de novo. Nada. VTM bloqueado. Voltei para casa e finalmente pude ligar para lá para ver o que estava acontecendo com meu cartão que desde sábado não sacava dinheiro. Depois de várias ligações e tentativas de "acharem o meu cartão/dados no sistema" finalmente me informaram: "Este cartão está bloqueado. Sua segunda via já foi enviada, conforme solicitação." solicitação?? Que solicitação? Eu não solicitei nada!! "Está no sistema, foi solicitado uma segunda via para o endereço blablabla, Londres." EU NÃO ESTOU EM LONDRES, NÃO CONHEÇO NINGUÉM LÁ, NÃO PEDI SEGUNDA VIA, ESTOU COM MEU CARTÃO NA MINHA MÃO!! DESDE SÁBADO ESTOU PRECISANDO QUE PAGUEM PARA EU ALMOÇAR! PRECISO DO MEU DINHEIRO!"

"Ok, vou checar e te ligo." Carla no quarto, sozinha, em país de primeiro mundo: choro intenso. Desepero. Meu dinheiro todo no meu VTM. Meu VTM bloqueado com uma cópia indo para Londres (?!). Carla querendo voltar para sua vida de terceiro mundo que usa Banco do Brasil e que já conhece as pessoas da sua agência.

Não me ligam de volta. Gasto uma tarde nesta brincadeira de ligo/não me ligam/não sei o que está acontecendo/ estamos verificando as informações.

"Sra. Carla, o Banco pede desculpas pq houve um erro no sistema. Achamos o cartão indo para Londres num posto da Fedex e já mandamos distruir." "Não vai acontecer de novo." "Vamos mandar um novo cartão para a senhora, que vem bloqueado e tem que desbloquear."

"Como trata-se de uma situação emergencial vamos disponibilizar um saque emergencial no valor de 300 dólares - que será debitado do seu saldo." "Amanhã 9 horas te passo o número para vc retirar pelo Wester Union." "Mas tem que ser com o nome de uma pessoa física para usar Wester Union. Preciso do CPF e RG de alguém no Brasil, ok?"

Falo com meu pai. Pego RG, CPF. Preocupo ele. Não queria preocupar.

Vou, finalmente, estudar. Tarde perdida no telefone/desepero.

Terça-feira, dia 11 de Dezembro de 2007.

Ligaram às 9 horas. Perdi a ligação. Retornei por volta das 10.30, 11 am. "Vou te ligar em 1o minutos com o número, ok?". Saio de casa para almoçar com a Maggie no caminha do posto da Wester Union. Almoçariamos e iríamos lá depois, quando me dessem o número.

Neve. Muita neve!! MUITA neve! Mais do que todos os dias desde que cheguei aqui. As aulas nas escolas locais foram canceladas. Tinha neve até nos meus cílios.

Não me ligaram.

Voltei para casa e já estava de saco cheio deste povo. Ai! Que vontade de ser terrorista de terceiro mundo e explodir aquele lugar. Liguei para lá por volta das 4.50 da tarde. Aqui já era noite, escuro há muito tempo. "Não temos o número. Vamos te passar o número para o saque emergencial amanha de manha, 9 horas." "Não!! Não aguento mais! Vcs criaram esta situação, mandaram uma segunda via para Londres, bloquearam meu cartão, falaram que iam me dar este número hj e não me deram?! Eu não quero nem saber!! Preciso deste número do Western Union agora!!" "Ah! Não vai ser Wester Union não. Pq não estamos achando um Wester Union ai perto de vc." "Não! Pode me dar o número!! Já pesquisei no site da Western Union e sei onde tem o posto aqui perto. ""Só um minuto...vou falar com minha supervisora." "A minha supervisora falou que não vai ser Western Union não, é outra cia." "Posso falar com ela, fazendo favor? " Carla, gentilmente furiosa: "Oi, sou a Carla e meu cartão blablabla. Aqui, eu quero saber o que tá acontecendo, pq não aguento mais! Vcs criaram uma confusão que eu não fiz nada para acontecer e agora eu ligo para ai o tempo inteiro, jamais me retornam e as informações são todas desencontradas!! Que história é essa de que não é Western Union?" "Ah...é que nao é nossa culpa aqui na central...a gente passa as informaçoes que recebe do Banco. Western Union vai ser em último caso. Mas vc vai ter direito a fazer um saque emergencial de até mais que 300 dólares (do seu saldo) por esta outra empresa." "Ultimo caso?? Para vc, pq para mim já é ultimo caso!! E sei que nao é culpa sua ou das meninas que me atenderam mas vcs tem que resolver meu problema." "Blablablabla. " "Posso te ajudar em mais alguma coisa?" "Sim. Coloque as informaçoes da nossa conversa no seu sistema pq devo precisar delas depois. "

Pq a gente pode não saber se é de terceiro ou de primeiro mundo, mas sabe que informações são sempre úteis.......

9.45 da noite. Toca meu celular. Toda vez que recebo ligações no celular aqui em primeiro mundo eu pago por elas. VTM me fez pagar bastante desde segunda-feira. "Sra. Carla, desculpa o horário, estou precisando do número do passaporte da senhora para registrar pra usar no Wester Union. " "Passaporte? Western Union? Mas me falaram que não ia ser Wester Union! Vcs entrem num acordo! E já passei meus dados. Passaporte?! Não me falarm que ia precisar do número dele para Western Union. Já passei os dados que me pediram para a transferencia segunda-feira. Depois que vcs entrarem num acordo eu passo o número do Passaporte, ok?" "Uhn? Não vai ser Wester Union? Não tenho estes dados aqui...." "Conversei com sua supervisora hj a tarde . Ela falou que não. Conversa ai com ela e entre num acordo. Nao aguento mais este desencontro esta confusao e vcs sem me dar as informaçoes com precisão." "Ok, desculpa o desencontro...vou checar aqui. E desculpa o horário... Nao posso falar com ela agora nao pq ja sao quase 2 horas da manha aqui no Brasil." "Que horas podemos entrar em contato com a senhora amanha?" "9 horas. Meu horário." "Ok, 9 horas no horario da senhora. Desculpa ter ligado a esta hora da noite, era para agilizar o processo do seu saque emergencial."

Vou lá embaixo refrescar minhas idéias, imprimir algumas coisas, comprar um doce de arroz, para depois ter condições de voltar a estudar.

Quarta-feira, dia 12 de Dezembro de 2007.

Por volta das 7 da manhã começam a me ligar. Eu tentando dormir mais um pouco antes da minha prova.

Desliguei meu celular para fazer prova. Sei que me ligaram durante a prova.

Depois da prova liguei para pegar o número. Para minha surpresa era Wester Union. Não muita surpresa, pq depois disso tudo já nem sabia o que esperar. Detalhe: me deram o número e nem precisaram do meu passaporte.

Fui no posto da Western Union aqui. Estava na frente do lugar e me ligaram novamente. "Sra. Carla, estou ligando para passar o número para o saque. Tentei ligar antes." "Já liguei para ai e peguei com o número." "Ah! Já? Não estava sabendo." "Obrigada, já peguei. Confirmo o número". "Tenha um bom dia, Sra Carla."

Não me surpreendo que ela não soubesse. Ninguém sabe nada que está acontecendo por ali.

Saquei meus 300 doláres emergenciais (quarta-feira! Estou desde Sábado sem dinheiro.), já coloquei no meu Banco aqui e agora estou contando os minutos para receber meu cartão substituto, para desbloqueá-lo e tirar TODO e QUALQUER dinheiro de lá, para não usar nunca mais este cartão!!

Moral da história (pq toda história de mundo surreal - quer seja de primeiro ou de terceiro - tem moral):

- Meu dorm inundou mas rearranjamos a disposição e agora minha cama não é mais no alto. Colocamos as camas juntas, uma em cima da outra, e eu durmo embaixo. :)

- VTM equals porcaria. Parece que é muito bom e conveniente, mas como tem um Banco por tras jamais poderia ser bom. Conforme aconselhou um professor meu anos atrás: "se vc vir um Banco na rua, atravesse. Não passe nem na porta!! Se é bom para o Banco não pode ser bom para vc."




27.11.07

Thanksgiving ~~



Bom, como estou com muita vontade de assistir novelinha coreana agora e descansar minha mente destes últimos dias estressantes, vou contar o meu Thanksgiving baseado em um email que mandei para minhas primas lindas no dia 22 de Novembro, quinta-feira passada.

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Aqui tá fazendo um friooo estes dias!! Ontem nevou (desta vez até dava para aparecer nas fotos, mas tava de noite e dai nao tirei fotos. Mas hoje ainda tá um pouco branquinho lá fora - até agora. Só para vcs imaginarem o frio!).

Hj é feriado de Thanksgiving. Eles saem na quinta e ficam até o domingo fora. Na verdade a maioria do povo já faz as malas e tudo na terça e na quarta, mesmo cedo, já tão longe! Ontem o dorm tava que tava..todo mundo com mala pra la e pra cá, um monte de pais vindo buscar os filhos. Todos vão celebrar com a família. Aqui no meu andar só ficou eu. E no quinto andar só ficou a Maggie, minha amiga de Hong Kong. Parece muito Natal. A cidade está paradinha paradinha. Ninguém na rua.

Fui a um jantar hj à 1.00 da tarde numa casa aqui perto e foi ótimo!! A casa é onde meu amigo mora e apesar dele nao estar lá hj eu fui convidada para o jantar assim mesmo e tive um dia maravilhoso. Que comida mais gostosa (sim, sei que estas frases parecem mentira mas não são! O jantar foi 1 hora da tarde e a comida estava mesmo uma delicia!! Um tanto de coisas especiais para Thanksgiving e feitas em casa. Amei!! Pareceu muito natal!! Tinha um tanto de peru - sim, me lembrou a casa da minha vozota lindaaaa - e uns pratos tradicionais que eles fazem para essa festa, uma delícia. :) Muita fartura, muita variedade e tudo feito com muito carinho por umas pessoas muito gracinhas (fui convidada para passar o Natal com uma família que estava lá. Eles são bacanas mesmo: o casal os dois filhos - sendo que a meninha é chinesa, adotada. Preciso continuar?) ^^ Para quem sempre reclama da comida daqui vcs podem imaginar como estava mesmo boa! :).

Para completar tinha 4 tipos de torta de sobremesa. :) Ainda ganhei um prato para trazer para casa. Falaram que algumas pessoas lá na Pho`s house (casa onde almocei) estão preocupadas que eu nao esteja comendo vegetais suficientes! Ahaha! Eles são uma gracinha! Acabou quem comeu o prato todo foi a Maggie. Toda sexta feira tem um jantar lá para estrangeiros e cada semana é comida de um canto do mundo. Toda semana tem uma opção vegetariana para mim e, eventualmente, para mais alguém - geralmente de vegetariana (que como peixe - e cogumelo, pq aprendi que agora devo ressaltar que como cogumelo tb - sou só eu mesma).

Eu e a Maggie moramos no dormitório da faculdade e não temos como cozinhar (só para tornar as coisas mais explicadinhas, a pia para lavar nossas louças fica no banheiro. Mas não se assustem...é uma pia especial para lavar louças. Que coisa, não?! Ainda bem que eu só tenho duas louças mesmo...rs rs!). Os nossos amigos riem da gente, mas nao é por isso não. Eles riem é pq quando a gente sai a gente fica igual louca para comer arroz e tomar sorvete.

Arroz puro, purinho!! Uma delícia!! É um dos nossos almoços preferidos. Claro, tb amamos a pizza e a comida japonesa. As histórias do arroz são muitas. Eu trazendo arroz de restaurante japones para almoçar no dia seguinte (pq é um dos melhores almoços para mim) e qdo fomos num restaurante cantones e o meu prato principal foi arroz e suco com tapioca com frutas vermelhas (que não é tapioca nem aqui nem ai nem na China. Bom, talvez em Hong Kong...Sim! Igual aquele que tomamos, mamãe, com aquelas bolinhas tipo sagu) e nenhum dos nossos amigos podia acreditar. Mas é pq o gostinho do arroz se aproxima ao gostinho do arroz em casa ou sei lá pq gosto tanto de arroz! Papai, virei vc? haha! Semana passada a Maggie falou que queria comprar uma panela elétrica para fazer arroz. Eu já a convenci que é melhor não senão nosso café da manha, almoço e jantar vai ser composto de apenas uma coisa. Alguém adivinha de que? :)

Bom, estou aqui falando falando e ficando com fome. Rs rs!

Eu preciso voltar para meus livritos pq tenho muitaaaa tarefa ainda por fazer.

Domingo passado fiquei 10 horas na biblioteca. Sim, claro que interrompi: Fui ao banheiro umas 5 ou 6 vezes, bebi as 3 garrafas de agua que estavam na minha mesa e sai para comprar chocolate e café uma vez.

Cheguei em casa meia noite e dez, tomei banho, e fiquei ate as 3.30 na sala do meu andar ainda trabalhando. Espero terminar muita coisa logo para Domingo agora ser diferente.. ^^*

PS: Estou estudando * bastante* (se é que este tanto que estou estudando pode ser chamado só de bastante..) mas tenho me divertido com outras coisas tb. Sexta feira passada fui num baile da faculdade de Direito e da de Medicina. Era um baile destes de roupa de festa e tudo o mais. Eu me esbaldei por lá! Bom, mais ou menos. O baile começou as 9 e terminou 1 da manha. Eu achei graça da comidinha na mesa: tinha cenoura e pipoca. E umas outras coisinhas tipo salada tb, como cogumelo. Acho que eles tem muito que aprender com a gente, não? Nada de bombom de nozes, pão-de-queijo nem empadinha (que saudades) :) Mas apesar de não ter comido nada (SIM! PELA PRIMEIRA VEZ DESDE QUE CHEGUEI AQUI FALO QUE NÃO COMI NADA!!) eu dancei ate com minhas amigas (mas só hip hop - que é a unica coisa que tocou no baile aqui..). Bom, é isso! ^-^*

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PS: Meu Domingo não foi muito diferente do último não. Mas agora vou assistir novela coreana, então está tudo bem!! :) Carlotinha frenética conseguiu altas (dela mesma?) esta noite.

I have a blog ~~



Sometimes I wonder why I do have a blog. I really love the idea of having one and the possibility to be doing one of the things that I most enjoy doing: writing. But in the other hand I am not so comfortable with the fact that people can actually be reading my texts, re-reading them, and reacting on a way that I can`t even see or control. Maybe it`s because when I am writing I put lots of myself on my texts. Sometimes I am all there. And somehow that`s quite scary: people can actually see all my sides, all my shades, all my fears and feelings through my texts.

But those fears are not enough to make me stop writing here.

In the other hand I am quite annoyed with the fact that those that were supposed to be really part of my world apparently don`t care about that...they don`t seem to care about those things that I am saying through my texts and neither care about the plain texts themselves. They don`t comment, they don`t discuss and, maybe, they don`t even read them. But maybe they are just too busy. And maybe I really think too much. Maybe.

But those thoughts are not enough to make me stop writing here.


It took me a while to decided to publish the last post here. I really didn`t want to make anyone worried about me. But somehow I understood that those that are really concerned about me know that I am good now and moreover they knew that I wasn`t good around two weeks ago.

What happened? Nothing special. Sometimes we just need to slow down, take a deep breath and keep on going. So that`s what I have been doing since then. The following day after the poetry was a "no poetry, no msn and no email day". I studied 10 straight hours and then took a shower and kept working for more 3 and half hours or so.

Well, I know I dearests bear friends are worried about that but I am not. I can say that I am already addicted to this frenetic way of existence, specially after reading about the shark into the tank.

Well, I watched Korean drama today as well; after a long stressful holiday it was really nice to take a break!! :)

11.17.2007 ~ 3.57 pm



Because somehow I feel completely disabled

And my feelings that were poetry a couple of hours ago

Are now nothing more than a mess.

Because I urge to cry

And no one is there to make my tears dry

Because I want to vent

And no one is there to sustain me.

Because right now I can listen to Emmanuel

But there is no one to complain, to discuss,

To retain the gap that it creates on me.

Because right now I wish I was under my blankets,

Under the warmest environment that here is not.

Because somehow I am not more

Not more than what I try to be.

I am not more than yesterday, not more than tomorrow.

I am not more than every people,

Not more than any people.

Because right now I am not more than what I wish I could be

Because right now I am not more than that infinite

Infinite pain that constrains me whole

And there is no one here to cure my heart,

To listen to my silent scream,

To ask me to stand up.

Because right now I am what I am

And I am that and just that,

Without a hand, without a hug,

Without a voice,

Without a tender smile

Or a reprehension sign.

Because right now I am a mess

And I don`t know to cure that.

17.11.07

Because poetry my feelings are urging to be~ ~11.17.2007 -2pm -Madison~



Because for poetry the only need is beauty

And for me beauty is on a shadow, on a dance, on a breeze.

Because for poetry I don`t require more than love

I don`t expect more than freedom.

Because from poetry my soul is free

My words are complete,

My dreams are meant to be.

Because on poetry everything is a melody,

All the love is windy

Every desire is designed as a symphony

And in harmony my body is meant to be.

Because poetry is not a note, is not a wave

It`s the simple requirement of a soul,

Which the goal is to sustain, to retain

The completeness of a fugal moment

Because poetry my feelings are urging to be.

Because poetry is the dream to accomplish the life of a poem

The life of a lover, the simple life of a being.

Because with poetry I can fly to far away paths

I can emerge from my depths with a sustaining breath.

Because with poetry the ballerina can believe

The naïve has strength

The woman can live.

Because the lyrics of a life, of a feeling

Of a love, of a fear

Are free among poetry.

16.11.07

Novembro 16, 2007 ~00.39 am~ Eu sei o que quero ser....porque sei o que é crescer.



“Cacá, o que você vai ser quando crescer?” “Carla, você vai fazer Vestibular para que?” “Carlotinha, o que você vai fazer quando formar?” Futura juíza!” “Brava!” “Ohhh! Foi bem na prova de Física? Dará uma ótima médica. Sim!” “Linda! Seria certamente modelo famosa na Indonésia.” “Que medo de você se casar e virar dona de casa.” “Mmm...trabalhar em Escola é tão complicado.” “Ohh! Que bonitinha! Que preciosa! Gosta mesmo de Direito Internacional.” “Porque você é minha melhor aluna.” “Porque se não continuar firme perderá sua poesia.” “Porque quem escolhe isso o faz porque não tem coragem de encarar a sua vontade real”. “Ah! Qualquer coisa que escolher será boa para você” “Porque olho para você e vejo uma professora ai dentro. Mas sim, está muito bem.” “Ah! Será aeromoça.” “Porque é por ver pessoas como vocês duas que posso ficar tranqüilo e acreditar que o futuro será melhor.”

Médica. Pediatra para dividir um consultório com as primas que nasceram antes. Mas a resposta também poderia ser modelo. Ou cantriz (sim, cantora e atriz). Ou então professora. E o fui. Fui professora de escolinha em Guilherme de Almeida. Sim, menina brava, bravinha. E também bravissima. Mas isso não me faz juíza. Não mesmo. Modelo na Indonésia me parece mesmo tentador. A resposta clássica ao “Que gracinha! Que lindinha!” não costuma ser outra a “Gosto de Direito Internacional; e do Trabalho; e de Direitos Humanos”. Gosto?! Aeromoça hoje é comissária de bordo. E acreditar em nós duas para mudar o futuro talvez seja depositar mais fé em nós do que às vezes temos em nós mesmas. Já poesia é algo que queria transpirar permanentemente. E inspirar. Mas não quero me detalhar nestas linhas passadas, nestas imagens sem datas concretas. Não, não quero.

O que me retém acordada neste instante não é meu paper sobre a violação aos Direitos Humanos dentro do Direito Norte Americano. Não é o grito de socorro que transcende as linhas que insisto em redigir. O que me mantém acordada nesta hora da madrugada é a vontade de gritar para todas estas vozes o que jamais falei. Ou falei em entrelinhas discretas...

Sim, porque talvez eu tenha tido muito medo. E porque talvez eu traga mesmo dentro de mim uma poeta que jamais se extravasou apenas porque jamais teve força para existir. E o que me vejo querer nesta hora da noite não são os A`s que almejo há tanto tempo; não é a proficiência em alguma área jurídica ou um currículo cheio de informações relevantes. Não. Não é nada disso.

O que eu almejo nesta hora da madrugada é a liberdade de gritar bem alto para o mundo inteiro que eu quero viver de brisa, de poesia, de flores e de amor. E que eu quero muito ser mãe e quero também ser mais filha do que jamais fui. Quero ser irmã com tempo para conversas e jogos de tabuleiro, quero ser prima para pular na varanda, quero ser aluna com direito a falhar, a errar. Quero ser adulta e ser bela. E ser feia, ter um pé maior que o outro e não ter medo de que falem mal de mim. E ter cabelo longo ou cabelo curto. Ter unhas comidas, ter unhas pintadas de rosa, laranja, vermelho ou um branco pueril. E quero transpirar jovialidade, mas também sabedoria. E transpirar a segurança e também a insegurança que se perpetuam nos dias de cada um e de todos nós. E quero ser grande e quero ser pequena. E quero nadar em águas profundas, em águas rasas. E dar cambalhotas na piscina, brincar de boiar. Mas de biquíni. Sem medo de parecer grande demais, de parecer boba demais. E quero ler muito, assistir filmes diversos, visitar museus, parques, tomar sorvete e abrir as janelas a cada manhã. E fechá-las ao anoitecer. E quero viajar de carro, andar a pé, contar histórias e tirar fotos. E quero ser poesia. Quero ser livre e me saber liberta. Quero carregar o mundo com minhas mãos, viajar para os locais que minha mente não se cansa de me levar. E quero ser branca e quero ser torrada pelo sol. Porque a gente às vezes quer apenas viver. Quer ser aquilo que quer ser, sem ser notas, sem ser cursos, sem ser um emaranhado de esperanças alheias. A gente às vezes quer apenas ser gente, quer ser sentimentos, quer ser vida, quer ser cores, poesia e viver na asa da borboleta que farfalha no infinito de nossa própria essência. E agora é isso que quero ser. Não quero ser nada mais que uma liberdade transmutada em verdadeira vida, em verdadeira felicidade, em verdadeiro amor e em verdadeira poesia. Minha vida é bela assim: quando guardada na poesia, na verdade destas linhas.



Ritinha linda quase me fez chorar. Mas na verdade me fez foi me encontrar em seus escrito após quase secar. Sim, porque desde ontem o que muito tenho feito é apenas chorar. Por quê? Porque já tenho saudades daqui, e guardo saudades de lá. São saudades do presente e saudades do passado - e, porque não - saudades do futuro. Saudades que sempre me fazem chorar.

Mas agora não sou tristeza. Neste instante sou poesia e sou um riso cortante - com uma ponta de lágrima que insiste em querer rolar.

Beijos para você e obrigada por com suas palavras me fazer sentir abraçada (nesta terra em que abraços são tão raros de se encontrar).

5.11.07

Minha primeira neve. ~~ Dia 05.11.2007: 4.23 da tarde.



Minha primeira neve. ~~ 4.23 da tarde.
Não me recordo quando comecei a esperar por ela, mas sei que foi na minha mais remota infância. Aos sete anos vim para os EUA pela primeira vez e me lembro de ter ficado ligeiramente decepcionada por não ter visto a famigerada neve. Era verão.
E os anos se passaram. Mas continuei esperando pela oportunidade de vê-la. Mas este dia não havia acontecido. Até hoje.

Fui para a aula cedo mas estava quase congelando na sala. Nas segundas feiras o meu intervalo entre a aula da manhã e da tarde é de apenas 20 minuto. Hoje resolvi apressar os 159 passos que separam meu dorm da Faculdade de Direito e fui buscar um casaco extra. Não sei porque eu pensei: hoje neva.

Na volta estava garoando. Pinguinhos leves. E um contorno de bolinhas brancas, minúsculas, que se esparramavam como gotinhas de chuva no chão. Não sei descrever o que senti. Foi algo mais especial do que eu pude imaginar nestes longos anos em que esperei por ela. Sim, meu coração bateu forte, meu rosto era só um imenso sorriso. Mas como boa mineira que sou desconfiei que aquela experiência poderia não ter sido nada além de uma ilusão. Talvez seja só mesmo uma chuvinha e minha miopia, meu astigmatismo, minhas expectativas e imaginação estejam criando as bolinhas que desaparecem antes mesmo de tocar o chão, pensei.
Perguntei se nevava ao chegar na sala. Mas perguntei baixinho, discretamente, para não me fazer de boba. Não sei, está nevando? Foi o que ouvi. Eu disse: não sei. Nunca vi neve...talvez não.

Conversando ao telefone com Maggie, depois da aula e já de volta ao dorm, ela me disse "there is snow today". Sim, hoje. Bom, vivi o momento, pensei. Vou escrever sobre ele tão logo eu possa me assentar na frente do computador. Ela estava vindo para o meu quarto para conversarmos e ao desligar o telefone olhei para janela e vi aquelas bolinhas brancas caindo lá fora. Não tive como me conter.

Comecei a gritar e pular, sozinha no quarto. Mas eu precisava dividir este momento tão precioso com alguém. Os momentos mais sublimes são contemplados na sua integralidade quando divididos. Eu tinha que dividir! Pensei, em uma fração de segundos, em todos que não estão aqui e que queria que estivessem ao meu lado neste momento. E num átimo de segundo abri a porta do meu quarto aos berros e comecei a pular e gritar para as meninas do corredor e do quarto da frente: está nevando!! Está nevando lá fora! Está nevando!! É a primeira vez que vejo neve!!
Elas se simpatizaram com este fato – aqui todos se simpatizam quando eu e uma meia dúzia de dois ou três falamos que nunca vimos neve - e duas delas me chamaram para ir lá fora. Claro que iria com elas para ver a minha doce e querida neve. Mesmo sem sequer saber o nome de uma delas. Maggie chegou e descemos.

O frio lá fora está desconcertante. Faz mais frio do que fez desde que cheguei aqui. E já me disseram que vai piorar. As bolinhas branquinhas caíram por pouquinho tempo. Menos tempo do que eu precisava para pular e tirar duas fotos. As fotos eu tirei. Mas minha primeira neve vai ficar mesmo aqui dentro, porque ela não quis ser fotografada. Talvez porque quando explicadas ou quando fotografadas as coisas não mostram a sua verdadeira intensidade, a sua verdadeira essência. E minha primeira neve não pode ser explicada. Sua beleza na minha vida transcende qualquer palavra, qualquer imagem, qualquer som.

Eu digo, com toda segurança que posso ter para dizer: valeu esperar. E continua valendo porque nem posso imaginar como será quando olhar para minha janela e vir tudo branco lá fora. Ou quando deitar no chão para brincar de fazer anjinhos, quando puder realmente carregá-la em minhas mãos e me esbaldar. Nestes momentos epifânicos só me resta pensar como Deus criou cada detalhe para nos agradar. E como isso é indescritível e grandioso.

20.9.07

Mais notícias ~~



Parece que tem uma eternidade que não escrevo aqui.

Na semana passada fez muito frio (algo em torno de 9C durante o dia) mas nesta semana o calor voltou. Não tão intenso quanto na primeira semana (ainda bem!). Ainda é verão até o dia 22 e a considerar o frio da semana passada não quero nem ver o outono e inverno aqui!

Semana passada estava eu bem almoçando - bom, mais ou menos almoçando, pq não tenho certeza se Mac & Cheese pode ser considerado almoço ou não - e conversando com minha orientadora do intercâmbio ai da faculdade no Brasil e o alarme de incêndio começou. Todo mundo foi saindo do prédio e lá fui eu. Depois que tranquei a porta do quarto e cheguei lá embaixo (quando o alarme de incêndio toca temos que sair do prédio, mesmo que de toalha!!) achei que ia congelar. Eu lá, com frio e o meu mac aqui em cima esfriando. Ainda bem que era só treinamento e que rapidinho pude voltar para dentro do prédio.

Hoje estava na aula e o alarme tocou. Lá vão todos os alunos do prédio de Direito para o lado de fora...mas também era treinamento. Acho que agora já estou escola em alarmes de incêndio e espero que não toquem novamente!!

Este final de semana foi bastante animadinho. Na sexta fui almoçar na casa do Davi (brasileiro) e me diverti muito comendo arroz, feijão, repolho e brócolis. Sim, pode ficar orgulhosa de mim, mamãe!! Comi tudinho!! Rs rs! na verdade aqui sempre que tem brócolis é cru. Foi ótimo comer brócolis cozido, mas o melhor foi o repolho!! Estava mesmo bom!! [Devo ressaltar aqui que o repolho foi feito ao estilo chinês e não brasileiro...mesmo que o cozinheiro não tenha percebido até eu falar. Estava muito bom!].

Foi divertido ver um americano falando que quando se come arroz tem que colocar a outra coisa em cima. Feijão, no caso. Rs rs! Ai entendi pq a Marie (alemã) colocou todo minha comida em cima do arroz na semana passada, quando me chamou para almoçar na casa dela (no Sábado dia 08). :) Fiz brigadeiro para ela mas ficou mole..

Elizabeth (minha dupla no Bridge - americana) e eu fizemos um brigadeiro para o lanche coletivo do Bridge na segunda feira, dia 10 mas ficou duro e queimado. :( Diz ela que sempre que faz aqui dá errado. Acho que é o leite condensado... Ela já morou no Brasil por um ano, quando estava no segundo grau e é apaixonada pelo Brasil!!

Retomando meu último final de semana: depois da aula nesta sexta fui ao Shopping com a Marie e na volta desci no ponto errado e vim correndo para casa para tentar me esconder do frio. Quando cheguei aqui coloquei meu pé no chão e, acho que pela primeira vez na vida, ele estava mais frio que o próprio chão. Foi uma sensação muito estranha. Disseram que estava fazendo mais ou menos 1 grau C. Eram 8 horas da noite e tinha perdido o jantar japonês (na semana anterior perdi o jantar coreano) que foi às 6. Mas mesmo assim consegui me divertir bastante! Fomos para o Memorial Union (eu, Ana, Maggie, Carlos, Hae, Hobbes, Nick, Davi, Diego = Brasil, Equador, Vietnan, EUA e Hong Kong, não nesta ordem) , onde estava tendo um show de música latina e dancei até dizer chega! O mais engraçado para mim e para Ana (Equador) foi ver as pessoas tentando aprender a dançar. Tenho que dizer que nosso amigo Nick, do Vietnan, nos surpreendeu com o show que deu! Rs rs! Depois ainda teve um show de uma cantora Iraniana com uma voz maravilhosa. Só queria saber o que ela cantou...

No Sábado fui novamente ao Farmer`s Market, mas desta vez com minha colega de quarto, Allie, e uns amigos dela. Eu era a única estrangeira e foi divertido - mas senti falta dos meus amigos estrangeiros, devo confessar. Experimentei um super Cinnamon Roll e gostei. na ida fomos amontoados no carro da mãe da Allie. Foi aniversário da Allie no Domingo e a mãe dela veio aqui no Sábado e nos levou para passear o dia inteiro.

Depois da feirinha fomos ao Shopping mas eu tive o privilégio de ser especialmente levada pela mãe dela a uma loja de Scrapbook no outro lado da cidade. :) Fomos nós duas à tal loja e eu amei o tratamento especial! :) Depois voltamos ao Shopping, fomos a um supermercado em outro lugar e voltamos para o Campus. Aí a mãe dela foi embora e fomos jantar num restaurante na state Street.

Na volta para casa ouvimos carros de polícia. Vários. Cinco ou seis, na verdade. E mais um carro de bombeiros. Alguém adivinha o que era!? Uma briga. Sim, uma simples briga. [ Acho que eles estão precisando de arrumar mais coisas para fazer , né? Dizem que se a idade para beber aqui fosse 18 e não 21 eles não teriam muito o que fazer nos finais de semana. Isso pq a maior parte do trabalho dos policias no final de semana parece ser conferir se quem está bebendo tem mesmo mais de 21 anos...].

Cheguei em casa super cansada mas logo logo a Ana e a Maggie me ligaram e me chamaram para ir ao Memorial Union, para uma aula de salsa. Eu disse que estava cansada e tal mas me chamaram de vovó..ai tive que ir! Rs rs! Mas a programação da noite tinha sido cancelda (parece que pelo frio). Fomos então para o aniversário de um americano (a dupla de Bridge da Ana tinha chamado ela para ir mas ela só ia se eu e Maggie tb fóssemos..hehe!) mas ficamos lá pouquíssimo tempo e voltamos.

Eu, feliz da vida, não coloquei o relógio para despertar para ver se finalmente descansava (acordei às 7 no Sábado). :) Mas o telefone não me toca às 8 horas do Domingo?? [Sim, desta vez não foi vc papai. Mas nos acordaram de novo no Domingo. :)] Era davi me chamando para ir à Igreja. falei que ia dormir e tal e escalei minha cama novamente. Mas não consegui dormir de novo. Ai desci da cama e liguei para ele falando que ia pq não conseguia mais dormir. Depois fomos tomar Brunch num lugar delicioso! :) Tinham mais 2 taiwaneses conosco (A Floria e um menino) e um outro menino de Hong Kong e eles ficaram curiosos como eu sabia sobre algumas tradições deles.

Claro que sobrou comida do brunch. Aí juntei com meu Cinnamon Roll do café da manhã de Sábado, com meu almoço e jantar de Sábado e eu e Maggie tivemos jantar para o Domingo também.

No Domingo à tarde/noite fomos para a Biblioteca e, devo dizer, as bibliotecas aqui são bem concorridas mesmo no Domingo à noite!! Na primeira semana de aula eu e Maggie achamos que era algo passageiro, mas parece que não, pq na segunda semana tb se repetiu. :)

Maggie e eu lavamos roupa ontem e estudamos juntas- para variar! Heheh! quase todo dia estudamos juntas. Fingimos que passamos tempo juntas mas na verdade ficamos só sentadas uma do lado da outra estudando. Claro, até uma convencer a outra que precisa muitoooo de sorvete, biscoito ou pão! Rs rs! Ai se a outra convencer a uma que não deve comer continuamos estudando. Caso contrário paramos para dividir alguma coisa gorda e reclamar da comida daqui, falar de nossas casas longes longes, amigos longes longes, planejar o dia seguinte, o final de semana e descobrir nas entrelinhas como já somos boas amigas. :)

Ontem eu e Maggie fomos à academia pela manhã e espero poder voltar lá em breve...Rs rs!

Bom, já é quase 1 da manhã e amanhã tenho aula e um dia longo pela frente. :) Vou almoçar com uma clega de sala inglesa amanhã.


Recadinho especial para Mile e Mari:

Bonequinhas, estou morrendo de saudades de vocês e mostrei fotos suas para uns amigos aqui. Estou usando a agenda de menininhas e sempre lembro de vocês. :)
Saudades mil, lindas!! Sempre que me lembro dos bilhetinhos que me fizeram antes de viajar fico super feliz!! Meu pé já sarou. :)




4.9.07

A cidade hoje, minha primeira aula e mais um pouqinho....



A cidade hoje transpirou juventude e serenidade. Hoje foi o primeiro dia de aula e nem posso imaginar onde estavam todos estes estudantes nos últimos dias. A cidade estava cheia de alunos andando para lá e para cá. E hoje foi um daqueles dias quentes quentes que só sentindo para entender. Muitas meninas de micro shorts (americanas, claro), algumas de lenços na cabeça e calça jeans (mulçumanas), grupinhos de asiáticos, etc.

No meu dormitório (Chadbourne) tivemos café da manhã grátis para o primeiro dia de aula. Lá vou eu novamente na bobagem do iogurte low fat e light: 140 calorias em 113 gramas. Mais torradinhas, frutinhas mil, leitinho low fat (160 calorias!!) e uma semana de calorias ingeridas em uma única refeição. E isso tentando seguir a linha saudável e light. Hehe!

Bom, a minha primeira aula foi de Direito de Família. A professora já conhecia - desde que a encontrei para uma reunião com outras 2 intercambistas de Direito, na semana passada. Gostei dela, mas confesso que no começo não achei que fosse entender uma palavra da aula. Tomar notas foi complicado, porque não estou acostumada a fazê-lo usando o computador (que é o que todos os alunos da faculdade de direito fazem. Pelo menos na aula de Família. Rs rs!). Comprei meus livros e lá se foram nada menos do que 224 dólares. E olha que só um livro é grandinho!! Dois são pequeninos e tem dois montinhos de xerox. Xerox aqui é uma fortuna. Só não consegui decidir ainda se são os xerox ou se são os creme dentais os artigos mais caros por aqui. Rs rs!

Mais tarde fui na Biblioteca de Direito e fiquei impressionada com o que vi: tem uma seção com uns livros de Direito Brasileiro e encontrei Arnoldo Wald, Humberto Theodoro, Orlando Gomes, Benviláqua e outros. Estou impressionada até agora!!! :) Achei também umas prateleiras com livros de Direito das Crianças, Direitos Humanos delas, Direito Internacional relativo às crianças e por aí vai. Vou ter um semestre e tanto!! ;)

Depois fui levar uns documentos no International Student Service e na saída do prédio a porta de vidro bateu no meu pé e fez um machucado horrível. Começou a sangrar e vim correndo para o meu quarto para lavar o machucado e aí entendi o que um aluno estrangeiro disse em uma palestra que fomos semana passada: que aqui, não importa o que, no final do dia nós somos responsáveis por nós mesmos. Deu um apertinho...Ver meu pé sangrando e ardendo muito e não ter como ir comprar nenhum remédio naquela situação. Deu vontade de ligar para casa, de ter minha màe aqui para fazer curativo. ;) Corri no quarto de uma menina aqui da frente e pedi alguma coisa. Por sorte ela tinha uma coisa (que não faço idéia do que era!) que parecia antiséptica e band-aids. Mas não ajudou muito. Logo tava sangrando de novo...aí taquei um esparadrapo em cima de tudo e cá estou. Fiquei até me perguntando como não sei ainda onde fica um hospital ou alguma coisa assim aqui perto!

Depois tinha uma tal de tail gate party e lá fui eu. Jantar de graça. Pic nic na grama. O famigerado sanduíche, cookies, refri, água, maça e chips. Eu sei: tsc tsc. Ganhamos caixinhas de baralho e jogaram várias camisetas para o ar (longe de mim). Teve uma apresentação da banda e as cheerleaders estavam também se apresentando. Segunda vez que as vejo e, confesso, acho uma fofura!! Super divertido!! ^^*

Eles ensinaram uns passinhos que parece que todo mundo faz durante uma parte do jogo. Foi divertido (mesmo com o pé machucado.. ;). Tocou a música do Passarinho ("passarinho quer dançar, seu rabinho balançar...") e eles tem uma dancinha especial para ela. Mas aqui falam que é a música da galinha, ou alguma coisa ssim.

Voltei para o meu dorm e comecei a escrever aqui, mas tive que interromper porque tinha uma reunião do meu andar. Tinha uma vasilha gigante de caramelos rodando e falaram que agora lá embaixo está tendo sorvete, leite e cookies de graça. Acho que não vou (não devo, eu sei!). Esse povo não cansa de comer nunca?? Sorvete e cookies? Isso é maldade comigo.

Bom, acho que já cansei vocês. E não falei quase nada que queria...não falei como estou encantada com minha colega de quarto (sério!! Ela é uma fofa!!!), como foi divertido andar de vestido anos 50 no Domingo de manhã com a Marie (as duas com vestido igual e várias pessoas perguntando se somos irmãs. Rs rs!) e também não contei como algumas coisas tem me deixado bem impressionada aqui. Algumas pessoas no Brasil quando cortam o cabelo falam em vender; aqui vi umas meninas comentando que cortam e que doam. Elas cortam e doam para fazer peruca para as pessoas com cancer. Bacana, não? :) Falamos que são frios. Mas acho que Maryaneta tem alguma razão na teoria de que nós acreditamos que "fazemos nossa parte, que cada um faz um pouquinho - sua parte - e que tá bom"; na verdade vi na livraria que doam livros para escolas africanas; vi que muitas vezes as coisas são realmente muitooo mais fáceis aqui. Quero dizer, a biblioteca é impressionante, os alunos se esparramam pela grama durante o dia (para almoçar, estudar, conversar); cada um pode fazer uma coisa completamente diferente e você pode criar seu próprio grupinho de qualquer coisa. Algumas meninas do meu andar me pediram para criar um de samba e dança. :) Fui trocar uma coisa na loja e o moço não me perguntou nada. Nem porque nem meu nome nem cpf; nem fez cara feia. Falou ok - e me deu meus 5 dólares de volta. Impressionante!! Bom, eu já estou calejada de ter que conversar com vendedores, gerentes, empresas de telefone, etc. Quanto desperdício de tempo e energia!

Bem, agora me vou... ;)

Saudades de vocês! E torçam para que meu pé sare logo porque tá mesmo ardendo. :(

Obs: Sõ 22.15 e sim:eu tomei o sorvete com calda.. mas amanhã estou de regime!! ;)








2.9.07

Pequenos (grandes) detalhes de uma longa semana ~~



Hoje é Sábado e são 23.11 horas. Acabo de chegar no meu quarto há alguns minutos depois de mais de 12 horas na rua. Meus dias aqui nos EUA vem sendo assim...longos e agitados. Tem apenas uma semana que cheguei aqui - e 6 dias que me mudei para a Universidade - mas parece que tem tantos mais! Não por serem ruins, não por serem bons; apenas por serem únicos.

Desde que cheguei aqui tive problemas para dormir, roxos pelo corpo e alguns pavores (de que eu e minha colega de quarto não coubessemos no mesmo quarto, de que meu inglês não fosse bom, de que jamais fisesse amigos..). Desde que cheguei aqui tive medo de passar fome (por não aguentar comer esta comida gordurosa e calórica), de comer demais. Tive medo de estar rodeada de meninas americanas no meu andar (são todas americanas, exceto eu e uma australiana - Ana - uma chinesa - Julie - e uma taiwanesa - Josie).

Mas as coisas estão indo muito bem, eu diria. Apesar de meus sentimentos e impressões variarem muitas vezes durante os dias parece que tudo vai bastante bem. ;)

Compartilho agora algumas coisas que me saltaram os olhos estes dias e alguns momentos preciosos (começando por hoje):

- Hoje combinamos de nos encontrar às 10.30 para irmos ao Farmers Market, que é uma feira que está acontecendo todos os sábados pela manhã e começo da tarde nesta época do ano. Nesta feirinha os fazendeiros e produtores da região vendem vegetais, legumes, frutas, queijos e outras coisinhas do tipo. Fomos eu, Marie (Alemanha), Ana (Equador), Carlos (Equador) e Davi ( Brasil). Comprei mel e provei vários queijos gostosos. :) Marie e eu nos perdemos do restante do pessoal enquanto ela comprava tomates e, depois de andarmos em volta do Capital (que é a prefeitura. A feirinha acontece lá em volta) decidimos tomar um café e sentarmos na grama ou num banquinho lá perto para ver achavamos os meninos. E lá se foram longos minutos de boa e séria conversa. Já gosto muito dela. :) Quando nos encontramos decidimos ver se encontrávamos uma sombrinha para a Ana em uma loja lá perto...e qual não foi minha surpresa quando vi Marie agachada no chão com alguns esmaltes espalhados tentando achar qual tom de rosa parecia mais com o meu.

Depois almoçamos comida grega. Marie, Ana e eu dividimos uma salada grande para as três (o que me tornou um hábito aqui quando estou com elas, porque não conseguimos ainda entender a razão de porções tão gigantescas de tudo por aqui). Depois do almoço andamos na State Street, que é a rua onde fica o comércio e os restaurantes aqui em Madison. Marie e eu compramos juntas dois vestidos iguais pelo preço de um (12 dólares cada, na verdade) e decidimos que vamos usá-los amanhã de manhã, na Igreja).

Em seguida fomos ao Shopping, Ana, Carlos e eu. Esperamos o ônibus por milhões de minutos e enquanto isto vimos um cara sendo preso, um outro pintando quadros na calçada com tintas de spray e até vimos adultos e crianças tirando fotos perto de dois cavalos de umas policias que estavam lá perto do ponto de ônibus. Eu me juntei ao grupo e, claro, também fiz carinho em um dos cavalos. Eles usam sapatos, o que me pareceu bem divertido! :)

No ônibus tinham umas pessoas realmente estranhas, eu diria. Ficamos impressionados com um casal de pessoas imundas com mochila de acampamento e cabelos sujos que entraram no ônibus com um cachorro. Sim!! Um cachorro: grande, marrom, e mais limpo que os dois. Depois entrou uma senhora que desceu em dois pontos mas conseguiu, antes disso, abrir um galão de leite, tomar um pouco na garrafa e ainda derramar um pouco no banco...

Não falei antes, mas as pessoas aqui em Madison são, aparentemente, muito educadas e legais. bem mais que em outras cidades norte-americanas em que já estive. Esta não é uma impressão só minha não; na verdade foi algo que já ouvi de várias outras pessoas por aqui também.

No caminho de volta o motorista parou o ônibus para ajudar a tirar um senhor que estava na cadeira de rodas de dentro do ônibus. Ah! E aqui em Madison nós estudantes não pagamos tarifas de ônibus, independente de para onde vamos - mesmo que seja para o Shopping no Sábado a tarde. ;)

- Voltando para ontem e os dias anteriores:

Esta semana almocei num restaurante chines com o Davi (Brasil) um dia e outro almocei com a Josie (Taiwan) em um restaurante afegão. Jamais imaginei que fosse comer comida afegã! Na verdade aqui na State Street tem restaurante de diversos lugares; a única semelhança entre eles é que as porções são sempre gigantes. Não consegui terminá-las nenhum dos dias, mas com minha política de não ao desperdício foi bom ter meus amigos por perto..hehe. Bom, eu e Josie andamos na State Street e depois dividimos um sorvete. Sim, não só parece não; é derdade: aqui parece que comemos o tempo todo!!

Esta semana tivemos pic nic, dance (antes de ontem), music festival (ontem) e mais mil coisas de boas vindas para o pessoal do dormitório. O pic nic foi tão único! Colaram folhas com desenhos de melancia, beringela e umas outras frutas e vegetais diferentes em cada porta de quarto e aí foram chamando por nome do alimento. "Melancias, melancias! Venham buscar seu jantar aqui no primeiro andar e se junte ao seu grupo!" E lá iam todas as melancias (sim, eu fui uma delas..tsc tsc)...aí um professor da Universidade juntava as melancias na grama do lado de fora do prédio em um círculo e tentava fazer com que nós conhecesseemos as outras melancias de outros andares. Eu sei. Foi tão estúpido como parece na descrição! E ainda ouvi alguém dizer: "oh! Esta será minha primeira refeição de verdade desde que cheguei aqui". Eram 5 da tarde - hora de jantar, claro! - e o jantar era uma caixa com um sanduíche dentro, um chips, um cookie, uma maçã e uma lata de refrigerante.

Mais tarde era a hora do Dance. Parecia-me uma grande idéia poder ir dançar..mas o detalhe é que as pessoas custaram para resolver dançar; e logo se enfadaram. Bom, ficamos até o final (eu, uma melancia que se chama Lisa e duas Sarahs). É claro que lá novamnte tinha comida de graça e aos montes...pipocas mil, ponche, m&m e por aí vai. Mas eu fiquei só no ponche desta vez. :) Nós quatro decidimos então dar uma volta lá fora usando nossos novos colares havainos e depois fomos para o quarto delas.

[Minha colega de quarto, Allie, chegou aqui e estamos conversando. Termino isso outra hora... ;P]







1.8.07

Arla agora...



Está doendo. Como me disse uma vez minha cara amiga M., "tenho machucados".

Mas não consigo, nesta hora, digerir o que sinto, compreender bem os contornos do que se passa...apenas não consigo. [Sim, sem querer não digeri..].

Estou embargada. Embargada e não acho que poderia falar nada agora. Nem entender nada agora. Que digo?

Talvez eu quisesse colo. Talvez não. Talvez eu quisesse devanear, olhar estrelas, praticar uma língua, dançar ballet. Talvez eu quisesse chorar até estremecer. Ou rir até cair. Não consigo definir bem agora.

Está doendo muito. Está doendo como um soco no estômago, como um risco profundo. Está doendo como uma palavra que não foi dita. Está doendo como gritos que foram lançados. Está doendo como tapas no rosto, como olhares que não me olham. Está doendo como olhares que violentam. Está doendo como uma dor que não se explica. Que sequer se entende. Mas que dói. Dói muito muito...

Se dez minutos é muito tempo, se ciúmes desnecessários são públicos, se doces vozes são aprazíveis, se falar demais é pouco, se falar pouco é demais, se há beleza nas crianças maiores, se há um cargo de e. honorária para mim, o que digo? Novamente não tenho palavras. Faltam-me os termos para explicar os sentimentos que esta noite imensa me causou.

Sem mais.

31.7.07

Carta à amiga Bia ~~



Querida Bia,

Certa vez lhe escrevi sobre a certeza do estribilho. Talvez uma inspiração leviana, poderiam dizer alguns otimistas. Mas parece que não. Hoje aconteceu novamente. E ontem. E antes de ontem. E antes de antes de antes [...].

Tem acontecido reiteradamente. Que digo?

Mas agora não mais me entrego aos banhos no escuro. Não, não mais. Agora sou movida por meus sentimentos doces e amargos [canela], mesmo que os olhos insistam em não querer enxergá-los [sim, eles permanecem cerrados-cerrados].

De uma forma ou de outra a verdade é que me encontro novamente exasperada. Submersa em mim mesma, submersa no desconhecido. A verdade é que não sei ao certo o que se passa. E não sei como me encontrar [sim, porque neste instante sinto que me perdi de mim mesma e, pior!, em mim mesma].

A verdade é que achei havíamos superado aquela delonga de outrora. E que minha irritação com ela [Não, ela não é uma pessoa. Não tem nome, não tem sobrenome. Nem forma.] - assim como seu descrédito em mim - tivessem nos ajudado a virar a página. Mas parece que não.

Fico aqui me perguntando porque ela voltou. Fico aqui me perguntando o que ela quer de mim [e o que eu poderia querer dela]. Mas não acho a resposta definitiva.

As suas cores são riscos profundos na minha alma, ousaria dizer. Mas já há muito me cansei. Cansei de tudo isso, desse relacionamento doentil, dessas marcas banhadas a sangue, dessas lágrimas incontroláveis, desse ocre inevitável. Já há muito me cansei dela. E cansei de mim mesma quando ela se faz por perto.

Não sei o que aguardar, o que desejar....

Muito obrigada por me ouvir. E por existir.

Sinceramente,

C.

Sentimentos e piruetas.....



Querida Bia,

Hoje posso, novamente, compartilhar com você sentimentos e vivências de outrora. Não que sejam todos absolutamente iguais. [Não. Não são.] Eles hoje possuem contornos e gostos diversos, melodias e aromas novos. Hoje são eles mais intensos, mais caprichosos. Seguindo a linha da POLITIK Kousina eu arriscaria dizer que são a canela da minha existência - doce e amarga canela...

Mas talvez eu me faça existência a despeito deles. [Algum dia. Talvez]. Que digo?

Sinto, amiga querida, que talvez jamais possa me deleitar nos embalos de um clássico sem desejar profundamente rodopiar levemente. [Livremente.] Sinto que talvez meus pés estejam fadados aos estragos de uma ponta apertada, de um dedo calejado, de um sangue derramado. Sinto, ainda, que talvez as coisas pudessem ser diferentes - e que apenas não são porquanto já me acostumei com as intensidades de cada pirueta, com o desafio de completá-las. Todas. [E mais uma. É óbvio.]

Sei que carregamos em nós, de alguma maneira, a semente de todos esses anseios. Sei também que as lágrimas que derramo agora não são mais dolorosas que as de outrora. Mas posso garantir que os banhos no escuro me pareciam menos cruéis que estes longos períodos de olhos cerrados... Sim, agora eles se fecham. Fortemente. Como se não mais tolerassem qualquer vestígio de tudo isso.

Querida minha, o mundo se divide em dois mundos: no mundo dos que jamais nos compreenderão e no mundo dos que já passaram por esta condição. [E aqueles acreditarão que eu escrevo agora sobre o Ballet - que tanto amamos, sobre os pés machucados e as pontas apertadas. E aqueles terão a certeza de que nossa vida é mais de piruetas e sinfonia do que de qualquer outra coisa. E aqueles jamais sonharão adivinhar do que falo agora. E digo mais: assim está bom.]

Assim, novamente agradeço por existir. E por me compreender. Sempre.

Sinceramente,

C.

16.7.07

Nesta hora da noite [22.20 - 16.07.07]



Nesta hora da noite não sei ao certo se sinto os embargos de um riso leve ou de umas duas lágrimas copiosas que insistem em querer rolar. Nesta hora da noite não sei se sou mais uma saudade em forma de futuro ou uma saudade em forma de passado. Nesta hora da noite não sei ao certo onde começam meus medos e onde terminam minhas vontades. Talvez, só talvez, nesta hora da noite os meus medos não comecem; e tampouco minhas vontades terminem. E talvez seja por isso, só por isso, que agora sou um riso incipiente e uma pontinha de choro.

Mas nesta noite não haverá lágrima. Mas nesta noite também não haverá nostalgia. Nesta noite apenas hão de existir doces sonhos, doces melodias, doces conversas, doces companhias.

17.5.07

Para L.



Querido L.,
Muito obrigada pela aprazível noite regada a poesias e sentimentos mil. Muito obrigada pelo sorrisso sereno que insiste em se fazer morada ainda agora, antes de me recostar. Muito obrigada por permitir desvelar-me através dos meus textos nos teus olhos.
Muito obrigada por não requerer explicações, conceituações, traduções. Muito obrigada por deixar-me com a dúvida de que tu tenhas me entendido (e com a certeza de que já agora sabes mais de mim do que eu mesma poderia explicar. Sobretudo porque explicar-me sempre foi árduo trabalho.).
Muito obrigada por ser um pedacinho do que une o passado ao futuro: poesia.
Muito obrigada por compartilhar seus antepassados, seus sonetos. Muito obrigada por ser tão singular, discreto, intenso - especialmente hoje, após te falar de longos e aterafados dias regados, tantas vezes, por um silêncio cortante. Muito obrigada por tudo isso.

6.5.07

Domingo, 06.05.2007. ~ INFINITO AMOR (de Deus)



Hoje é um daqueles dias em que acordei com vontades peculiares. Despertei querendo subir nos mais altos saltos e gritar para o mundo todo os meus mais secretos sentimentos e desejos. Queria esbravejar o amor, o sabor e as cores que permeiam estas manhãs singulares. Queria gritar para o mundo as verdades que uma determinação traz consigo. Queria fazer vida física os sentimentos d'alma minha.
Queria descer dos saltos e me transmutar na simplicidade, na alegria pura e sincera de quem sente O AMOR correr nas veias. Queria esbravejar graças e louvores a todos que não sabem do que falo.
Queria sorrir de um sorrisso livre, embriagar-me de promessas. Queria um choro intenso, um grito ferrenho de liberdade. Queria ser o elo que afasta a segregação do mundo, o sal que tempera a vida.
Queria ser tudo isso e isso tudo apenas.
E queria que cada manhã renovasse essas promessas e guardasse consigo a verdade do que digo.
E é isso que quero, e é por isso que clamo.
E que assim seja!!

19.2.07

Pessoas ~~



Existem pessoas que permeiam a vida da gente de uma forma singular. São poucas. São gestos corriqueiros que trazem consigo uma mudança que não se explica, que não se replica.

Por vezes um sorriso, uma palavra, um gesto, um toque nas mãos, um beijo candido. Nada mais que isso e você já é outro. Para sempre.

São pessoas que amo mas que por vezes jamais saberão disso.
É uma criança que gosta de rosa e sorri pueril (me sinto ela); é um neném de rua que divide seu precioso bombom com uma senhora que trabalha no Banco (jamais ví gesto mais significativo!); é um colega de sala que divide seu passado doente e traz a vontade de viver novamente; é uma colega de sala que faz sentir o outro lado da situação; é um ser que se faz vida mesmo no mais exíguo momento em que um acidente o faz morte (sim, esse é você, onde quer que estejas. Que Deus tenha piedade de sua alma que tanto guardei..); é uma professora que tudo tem mas o amor (sim, mais uma vez traduzo para o Português uma sentença que se faz vida em Inglês); é um amigo que te cuida e mostra que gostar de tudo um pouco é não gostar de nada, que guerra de travesseiro é melhor que descobrir ruas e monumentos sem fim, que comer como você é normal (?!) e que ser o personagem de seus textos deve ser uma honra; são dois soprinhos de gente miúda e linda - que se fazem metades e me fazem estrela - e que juram que a roupa preta combina com meus olhos (!) e me fazem linda de morrer; é uma amiga que te acorda de manhã para tomar café, comprar esmaltes e te fazer feliz ; é aquele que te mostra que não dá para vocês se entenderem devido às vivências de cada um (sim, após percebermos que falar de trânsito, pobreza ou de um futuro já garantido e previsível não eram tópicos comuns não foi difícil perceber que francês e português, mesmo transmutados em inglês, não são a mesma língua) - mas que mesmo assim te faz falar, sentir e divertir; é um ser que te liga e faz confidências de diário como jamais poderia imaginar - e naquele momento entra em sua vida e se recusa a sair; é um velhinho que te dá 3 moedinhas para que fique rica um dia e vá morar ali na terra de sonhos; é uma amiga que divide a cama, a bicicleta, os sonhos, as confissões e as orações; e a outra que te faz tentar sentir e viver, intensamente, cada instante obstinado; é um cachorrinho que mesmo dormindo te faz sorrir; é uma criança que compra álcool de carro e balas e sai andando em Santa Tereza como se o mundo fosse ali; é um professor que faz teus sentimentos preciosos, teus textos maravilhosos e teus sopros de vida valiosos; é o outro que te faz querer ser Cris Cris e depois copmpreender que filosofia nem vale a pena - o que vale mesmo é a vida!; é uma miga que você escuta o pensar apesar da distância e que no olhar você lê o sentir; é uma querida que vai ver se você está fazendo prova direitinho e desepera ao imaginar que você decorou tudo de Guiomar; é um amigo que te faz tomar açaí e ver que sempre vale a pena viver, beijar e sobretudo cantar; é um amigo que te promete casar se tudo falhar, ri de um bebê repolhinho e te dá um presente para sempre guardar; é uma amiga que te namora à distância, te fazendo rir, rir; é outra que te namora de perto mas guarda consigo a diferença de tons, pensamentos, sabores, amores - mas que sempre está aí; é uma menina Bia que te faz sê-la, te faz contar seus sentimentos, desejos, medos e que te dá força em prosseguir - mesmo que apenas por ter certeza do estribilho; é uma amiga flor (sem pacto de sangue porque a agulha fez medo); uma amiga guerreira e sábia que entende o que é falar sério: vamos sonhar!; é uma amiga que te leva a dormir na casa dela, te alimenta com doces e pipoca, mostra que usar biquini não importa, te cuida e faz da vida a própria poesia que fazemos na nossa vida; é uma chefe que te faz tudo reavaliar; uma colega de trabalho que se faz irmã irmã e te faz surpreender por nunca deixar de sorrir; uma prima companheira; uma prima "imitajosa" que guarda uma saia que cabe em mim (...); uma prima que aos 5 diz não poder mudar para a Hungria para não deixar a mãe triste e que te faz filha alimentada com pão de jacaré; um amor que te faz companhia na hora de acordar, de dormir, de sair, de chorar, de sorrir.

Os nomes? Os nomes não são necessários (e alguns poucos inclusive desconheço. Sim, crianças de rua não tem nomes, não tem traços. Mas algumas causaram uma eterna transformação em mim...). Cada descrição traz um nome, uma alma que agradeço pela existência.

Obrigada por ser assim, por estar aí.. Agradeço pela sua existência!!

15.2.07

Dorso das mãos...



Ontem reparei contornos que se fazim únicos, que se fazem dúplices [Eles me acompanharam nas dúvidas, me acompanharam nos sonhos]. Hoje reparei contornos que se fazem realmente marcados [Talvez aos meus olhos eles sejam mais marcados do que são na verdade].

Eu assisti vestígios de vermelhidões se aflorarem depois do breve retorno [Percebi uma transferência perigosa]. Senti aquele arrepio desgostoso de quem teme o retorno de banhos no escuro, de longas noites que insistem em não terminar [Senti um nó no estômago].

Bom, espero que as escoriações desapareçam. Espero que os medos acabem, que os contornos se façam contornos [contornos e somente contornos].

29.1.07

Obrigada por tudo - especialmente por hoje!



Obrigada. Obrigada por me ouvir e não se calar. Obrigada por me ouvir e não exigir que eu fale mais. Obrigada por não me fazer distância. [Sim, sempre se fazem distância ao ouvir tais termos. Todos se fazem.].

Obrigada por me permitir ser-me eu. Obrigada por me revelar prosaicas imagens de existência permeadas com sonhos distantes distantes. Obrigada por ser-te você, por ser-me eu quado me sente falar. Obrigada por tudo.

Obrigada pelos risos que me faz dar, pelos incentivos em voar voar. Obrigada por me guardar em cantinhos serenos, em sonhos discretos. Obrigada por me deixar vivenciar tudo que há para se almejar.

Obrigada por tudo - especialmente por hoje!

Com todo o carinho possível e impossível,

C.

25.1.07

Para B. ~~



Mal sabe ela que "PALABRAS PARA JULIA" serviram muito (outrora) como palavras para Carla.

Acho que hoje estou pronta para dizer: não, não me importo mais com os esmaltes bordeaux, não me importo mais com seus gritos e lágrimas histéricas naquela calçada, não me importo mais por ter jantado candidamente naquela madrugada e tampouco me importo por ter dito que estava numa incruzilhada. Não me importo mais por nada disso.

Mas saiba que o meu era rosa; que seus gritos apenas faziam com que meus sentimentos se misturassem; o jantar deve ter sido apenas uma bolha de sabão - nada mais que isso - mas espero que você tenha apreciado mais do que eu; e sua incruzilhada me fazia querer te ouvir. Ou sufocar a nós duas. [E sufocar também aquela outra que gritava Carrrrla venha junto! Carrrrla...]

Sua sensibilidade jamais me permiti conhecer. Por quê? Porque você jamais notou que talvez eu tivesse uma.

Mas neste instante apenas me importo em agradecer-te pelas "palabras para Julia". Sem mais.

Como Werther~~



Percebo, como Werther, que minhas páginas há tanto abandonadas mostram sentimentos tão diversos daqueles que vivencio hoje. Em algumas linhas, ousaria dizer, sequer me reconheço. Mas me lembro de cada instante, de cada som e sabor como se fossem únicos. [Embora muitos tenham riscado tão fundo que esquecê-los seria o melhor. Mas acho que todo muito fica triste por vezes, certo?]

Bom, para quem não sabe, este ano traz consigo promessas absolutamente surpreendentes. Se posso explicá-las? Não...tem coisas que quando explicadas fazem com que o encanto se macule.