9.3.06

ELA



Hoje ela acordou assustada. Ousaria dizer perdida, talvez. Na verdade acho que ela sequer dormiu de ontem para hoje. A miragem das longas horas dessa madrugada infame insistem em se fazer marca profunda. Risco intenso.

(...)

Ela se queda novamente embargada por silêncios profundos, imersa em olhares distantes. Ela se senta e se vai. Vai ao longe, ao lugar algum. Se perdendo em sua redoma de vidro, mais uma vez, ela mantém a incerteza de suas razões firme em sua essência. Se vai, apenas.

(...)

Acho que cansei de ser ela. E ela cansou de ser eu. Eu não trago mais sabores novos para a vida dela. Ela não proporciona mais poesias e reflexões para os meus dias. Nossa relação se tornou uma simbiose desgastante. Ela me desistimula. Eu a irrito.

Algumas sinfonias seriam necessárias para nossa despedida. E estou certa de que vivemos todas elas hoje. Ela não mais será parte de mim. E eu não mais serei parte dela. Insana delonga superada! Até que enfim, vale dizer.

Abro parênteses: esses traços de Guiomar, de Magdá, de Plath....já não fazem mais sentido em uma existência que urge em se tornar vida. Fecho parênteses.

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