4.7.09

"C.'s Silence" (14.05.2009)



Algumas palavras me fogem agora. Fogem não porque eu seja fraca, pequena, silente. Algumas palavras me fogem agora. Não porque eu seja impotente. Algumas palavras me fogem agora porque sempre fugiram.

Desde muito as palavras cantarolam em minha mente, em minhas linhas. As palavras se fazem vida, me fazem viver. Desde sempre as palavras me ajudaram a tornar a existência mais poética, mais aprazível. As mesmas palavras que me fogem agora me deixam mais perdida, mais distante. As palavras que me fogem agora tornam os meus dias mais estranhos, minha imaginação mais limitada.

Algumas palavras me fogem agora. Eu fico a me perguntar se elas sempre me fugiram e eu jamais soube perceber. Eu fico a questionar se na verdade não foram essas mesmas palavras perdidas que sempre me levaram para tão longe.

De princípio elas me levavam para as casas de boneca, para o terceiro andar na casa da minha avó. Elas me levavam para a Hungria aos 7 anos. Elas me levavam e não me lembro delas me trazerem de volta. Depois as palavras começaram a me levar para os Estados Unidos. E as figuras me mostraram o mapa, o mundo. Com as figuras e as palavras fui logo levada para bem longe. Mais ou menos nessa época as palavras me levaram para outra casa. Aumentaram minha família, aumentaram meu silêncio.

Mas o mais distante que cheguei foi, possivelmente, aos 10 anos. Nesse tempo as palavras me foram consumidas e o silêncio me consome ainda hoje. São estas as palavras que recorrentemente me faltam. São estas as palavras que recorrentemente me fazem medo, me tornam medo e silêncio. Algumas palavras me fogem agora. Possivelmente não porque elas não existem, mas sim porque existem em demasiado. São palavras que me consomem, que me tornam silêncio, me tornam fuga. As palavras que me fogem agora não sei se, alguma dia, conseguirão me dar o poder da fala, o poder do retorno. As palavras que me fogem agora machucam minha alma, minha existência. Elas me apavoram e me deixam vulnerável.

Mas sei que, apesar de algumas palavras me fugirem agora, a cada instante estamos mais perto. Eu delas e elas de mim. E se posso desejar algo além de me encontrar com minhas palavras perdidas desejaria dividi-las. Dividi-las sem medo das reações, sem medo de que quem me escuta perca as suas palavras ao me ouvir.

Abro parênteses. Because there were those notes shared this week. Because they made me wonder about silence, about life. Because I started thinking over about many things. Yes, all those things that I avoid thinking, avoid remembering. After those notes about trust I face myself scared again. Trust is hard. Not that there are no meanings of trusting people. Not that there are no people that deserve to have my trust. I know that there are. Indeed, I am lucky to know some really precious people that I do trust and care. But there is always the fear of opening myself too much. Of receiving the well-know silence that 3 times followed the words I said. There is the fear of being broken. There is always the fear of needing to feel everything again and again. The fear of realizing that what I am today could be different. The fear that I was build in a way I shouldn`t have been built, in a way that disrespected my existence. Or in a way that simply created my existence. But the fear of the broken existence is, probably, the main reason of all my silence. And I can`t be taken as a broken one, as a weak one. I can`t listen to the sounds of the silence. If I find the words that escape me now I need more than a silence back. I need the certainty that my words were understood and that they could change not only my silent path but (maybe) also some other paths….But for now I keep on searching those words that escape me now. Did anyone find them? Fecho parênteses.

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