2.7.13

Pés no chão e asas para voar.



Nunca foi segredo que ela se sentisse com os pés mais no chão desde aquele doce dia. Ela fica a rir sozinha ao ver as mudanças na sua forma de agir, de pensar e de sonhar desde então. Ela fica a achar que isso era tudo o que ela sempre precisou. E assim seguem os dias dela: com os pés em terra firme. 

Mas hoje ela ousou me contar que por vezes teme que ela funcione melhor com asas infinitas. Aquelas asas que sempre a fizeram funcionar com uma obstinação (obtusa), com o olhar fixo na linha de chegada (no futuro). 

O que eu não sei ao certo se ela sabe é que o importante, verdadeiramente, é o caminhar. A estrada. Pouco importa passar os minutos ansiando pelos resultados se os esforços não forem percebidos como relevantes, como gratificantes. Pouco importa ter asas e não apreciar o voo até o destino, ao mesmo tempo que também pouco importa ter os pés no chão e esquecer-se de sonhar.

Eu queria ter tido coragem de dizer a ela o quão importante é ter asas longas e pés no chão. Viver um pouco dos dois mundos é, definitivamente, o melhor cenário possível. Poder caminhar certeiramente e poder, eventualmente, voar longe é impagável. Sair do chão, conhecer o céu. E saber voltar: ao seu lugar.         

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