29.9.09

Sobre listas...sobre o AMOR.



Poderia eu tecer linhas e listas sobre razões mil para quedar-me onde estou. Poderia, ao mesmo tempo, redigir teorias e traçar listas outras sobre os motivos que me impulsionam a caminhar. Poderia repetir o mesmo discurso que sustento a cada dia; poderia fechar os meus olhos e tatear os meandros desconhecidos sem muito saber por onde passar. Abro parênteses: essa coisa de meandros de olhos fechados me pareceu absolutamente sensacional neste átimo! Fecho parênteses. Poderia redigir algo sobre a falta de aprendizados, sobre o silêncio (mais uma vez poderia falar sobre isso); mas também poderia - com muita propriedade - escrever sobre esse tempo de confiança absoluta. Uma introspectiva que faz crescer - na verdade, aqui arriscaria dizer até mais: uma introspectiva que faz crescer mais do que jamais se cresceu até hoje. Confiança absoluta. Maravilhosa confiança. Provisão constante.

Em um burburinho de paz sou transportada para aquele cantinho quentinho...cantinho que - agora entendo eu! - sequer possui um nome, sequer possui uma jurisdição. Precisar ser enviada para uma situação praticamente insípita para poder provar os sabores é algo, no mínimo, incrivelmente interessante. Poderia dizer indescritível.

E, no mais, as listas de sim e não, de pros & cons, de amores e saudades poderiam ser criadas. Ou não. Simplesmente porque nada muda o fato de que não importa muito o nome, o dia, a cor, o formato...apenas importa o conteúdo. E este se chama AMOR. Sem medo. Sem inadequações. Sem erros. Sem qualquer problema que não possa ser superado, que não possa ser resolvido. Porque sem AMOR nada vale a pena. Mas com AMOR qualquer lista, qualquer incerteza, qualquer movimento, qualquer meandro, qualquer tudo perde o sentido. E que assim seja....porque sem AMOR nada sou.

24.9.09

Laços



Não sei bem o porquê mas sempre gostei de laços. Laços de todas as formas, de todas as cores, tamanhos, motivos. Laços em roupas, sapatos, calçados, cortinas. Laços em desenhos de escola, vestidos de bonecas, meias, calcinhas ou tiaras. Fianca. A única palavra que sei falar em árabe não poderia ser outra.


Eu não sei bem porque essa analogia, porque este pensamento logo antes de virar o dia. Apenas sei que a vida minha pode bem ser assim...como um laço. Por vezes um laço bem centrado, por outras um pouco desfeito. Algumas vezes preciso de ajuda para fazê-lo,de uma opinião sobre o seu estado. Um laço pode ficar meio torto, ter uma ponta maior que a outra, cair meio sem graça ou ser absolutamente fabuloso. Estes são admiráveis! Como momentos temperados com uma especiaria que não se explica...um pouco de curry, um tempero árabe ou algo que não se pronuncia. Um laço bem dado requer um nó bem calculado, dedos ágeis, um pouco de determinação. Para se chegar ao belo e pomposo resultado bastante treino pode ajudar. Um pouco de um bom dote e uma fita bem estável, porém sempre boa para ser trabalhada também ajudam. Bastante. 


Confesso que criar laços pode ser um pouco demais quando se acorda tarde, quanto se está atrasado. A decisão de montar um laço pode terminar na criação de apenas um nó - por decisão consciente ou não. Um belo laço pode ser reconhecido por muitos. Pode ser admirado, pode servir de influência. Mas um laço sem graça não cumpre seu propósito. Fica aquela sensação de que nem deveria estar ali. Laço feio, malfeito, sem graça.


Minha mãe colocava laços de fita em mim quando tinha a minha idade. Eu dou laço em livros, em presentes, em sonhos e em determinações. Meus laços de infância não são hoje muito parecidos com os que eu treinei. Treinei tanto no laço da cortina, no laço da boneca. Mas, confesso, sinto às vezes, que meus laços guardam em si o potencial de serem, dia após dia, melhores. Sobre um nó bem centrado e firme, com as pontas absolutamente simétricas e alinhadas, com as curvas bem feitas, com aquele aspecto que apenas um laço bem feito pode causar...um suspiro, um risinho, um olhar de admiração.


Hoje, usando apenas uma mão, faço um laço e embalo tudo o que construí até então; e com a outra eu o entrego e o deixo ser desfeito, desmanchando sua inexatidão, seus receios, seus recatos e tenros medos. Com o meu laço entregue e desfeito deixo sair a C. de agora e crio  o momento de ser feito um novo laço: mais belo, mais repleto, mais saudável, mais feliz. Um laço que guarda em si um universo, uma fita exata para ser permanentemente trabalhada no seu fazer e desfazer. Um laço verdadeiramente temperado, que enche os olhos de quem o vê, de quem o elogia, de quem o tocará ,de quem o criou e possui. Um laço que cumpre sua função de laço e que não poderia, jamais, ser diverso do que sempre foi.