21.5.12

Epifania! (21.05.2012)


2 comentários


Ela insiste em deixar de se desfazer de uma caixa, de uma lembrança. Ela continua a imaginar que o tempo passa na mesma velocidade de outrora – e que a velocidade  que se modificou foi a dela. Ela relembra sentimentos e cenas como se houvessem ocorrido hoje cedo. Mas a verdade é que eles ficaram há muito em um passado distante. Ela tem dores familiares, criadas por desesperos pretéritos, como se o passado e o presente se misturassem sinestesicamente. Por vezes, acorda com pesadelos sombrios de coisas há tanto acontecidas. E passa o dia a pensar que acontecem ainda.

Estranho como a volta do passado, em uma forma inimaginável, foi capaz de fazer com que ela percebesse que as coisas mudaram. E que não há porque ficar por se perguntar sobre motivos sem sentido, sobre as razões ocultas desse pesado confronto: passado-presente. Em verdade, ela acaba de perceber que o que restava compreender é que hoje não é ontem, que as coisas não caminham mais na velocidade de outrora (nem deveriam fazê-lo, vale dizer!) e que reencontrar-se não significa o retorno ao pretérito. Em absoluto! Significa apenas descobrir uma nova forma de caminhar, de ver as coisas, a vida.   


12.05.2012



Um arrepio fino, um respirar mais intenso. Fico sem saber o que esperar dos próximos dias. Fico a acalentar sonhos, a suspirar vontades. Fico aqui a querer um som imenso a fazer meu ser se embalar e relaxar. Eu gostaria de poder sentir a paz de saber que tudo dará certo. E se não deu ainda é porque não chegou ao final (aqui a referenciar livro).

Bom, acontece que muitas vezes as coisas parecem fugir ao mais absoluto controle. Ao meu controle. Mas sei que tudo está sendo segundo uma Vontade. Mas saber isso não faz com que os dias passem de maneira mais tranquila. Por enquanto não. Mas eles hão de passar!

De qualquer forma, agora vou me preparar para uma noite linda. Baile e sorrisos me aguardam.

8.5.12



[A luz a aquecer lá fora parece se esquecer de brilhar por aqui.] 

Ela não tem se lembrado de ser com muita intensidade. Ela, na verdade, parece se esquecer de um mundo. Mas quando ela se lembra  de tudo, o mundo parece querer parar. Ela pode passar horas a recordar-se de uma infinidade de risadas, de textos, de conversas amenas. Ela parece ser capaz de se lembrar de perfumes, de jardins e de ondas avassaladoras. Ela guarda recordações de preces atendidas, de lágrimas derramadas, de amizades bem criadas. Ela poderia dizer que foram os quase-pactos-de-sangue, as confissões compartilhadas ou os beijos selados. Mas ela sabe que foi um pouco mais que tudo isso: foi a vida real. 

Ela continua a caminhar por patamares antes impensáveis. Impensáveis por ela mesma. E pelos demais. Ela tece planos e caminhares novos. Ela sonha (novamente!). Ela sonha novos sonhos. E deixa que eles a leve --  mas não para muito distante das raízes que, finalmente, aprendeu a criar. 

Ela agora se limita a querer experimentar tudo aos poucos. Quase que como um dia de cada vez. Ela se encanta ao ver os joelhos se dobrarem em um pliè, ao terminar mais uma semana e iniciar outra. Ela se ilumina ao imaginar a delícia de um jantar no sábado, ao ouvir as três palavrinhas mágicas. Ela se perde em detalhes de dias descritos, em textos de autores antes desconhecidos. Ela se anima ao ver sua lista de livros lidos ampliar em uma velocidade ímpar. Ela tenta exalar a confiança de suas posições como se não houvesse dúvida. Ela tenta ser ela mesma a cada dia. Mas melhor.

Vez por outra ela quer uma brisa leve a soprar-lhe o rosto. Ela quer lambuzar a sua pele com aquela cor terracota, não importa se natural ou moldada por câmaras especiais e por pílulas mágicas. Ela também fica a desejar fazer coisas insensatas e desvairadas. Ela almeja alcançar o luar, ela se vê emoldurada em uma bela  e exótica frame. Ela fica a delirar com um discurso único, com os vestidos das belas. 

Em seguida ela se lembra de que hoje não precisa sair de casa. E sente-se bem segura. Ela sabe que esse seu sentimento é inversamente proporcional ao que lhe cabe sentir. Mas seu casulo guarda uma familiaridade deliciosa. Ela não se lembra mais como gritar, como reagir com intensidade. 

Ela insiste em engolir as lágrimas que agora caem. Ela, neste momento, é um medo puro. Ele teme e não quer temer. Ela quer ser positiva, mas não se lembra como fazer isso. Mas ela está certa que basta olhar para o lado e tudo ficará iluminado novamente. É simples assim. Ela sabe, no secreto do seu coração, que a promessa há de ser cumprida: I am not done with you yet, apple of My eye! E ela sorri confiante. Pronta para se deitar -- e amanhã começar um novo e brilhante dia.