Cá estou a pensar em uma forma de contar a vida... (e começo a narrativa com toques de Moçambique, bem sei). Poderia contá-la em anos, em meses. Poderia contá-la em semanas, dias. Minutos. Ou poderia contá-la em vitórias, em desafios, em grandes mudanças, em dores. Eu poderia contar a vida pelas vezes que meu coração bateu forte, pelas vezes que senti um pulsar de viço em meus átrios. Ou, simplesmente, pelas vezes que eu me fiz felicidade pura. Poderia contá-la na medida das lágrimas que derramei, dos sorrisos que dei.
Abro parênteses: Na semana passada fiz um inventário dos últimos 10 anos. E, ao final, gostei do que vi. Este final de semana percebi os últimos 90 dias com uma intensidade doce. Doce, amável. E devo dizer que esta manhã de domingo foi marcada por uma felicidade ímpar! Palavras de afirmação assim tão cedo, depois de todo o significado daquele "boa noite" a embalar-me os sonhos...ah, os sonhos! Como posso sonhar ao seu lado....
Eu não me canso de ser surpreendida. Há uma semana foi um almoço carregado e esquentado.. Esta semana foram infinitos toques de sutileza preciosa: um almoço em mãos, uma cumplicidade absurda (e minhas botas estão limpas!). Eu poderia me perder em detalhes grandes ou pequenos de uma grande história. Mas confesso: prefiro me encontrar neles (e já me acostumo com isso)! Fecho parênteses.
O meu tempo poderia também ser contado nos meandros de intensidade, nas vulgaridades do dia-a-dia. Restam inenarráveis todas as características que compõem os meus dias, a minha existência. Restam indescritíveis os detalhes que tornam o meu tempo vida. E, em verdade, devo dizer que termino a noite não mais pensando em contar a vida. Encerro o dia dedicada a criar formas de vivê-la intensamente, a saber cada contorno dela, a saborear cada retoque que só ela tem. Embalo-me nos mais doces sonhos de viver, de existir. Nos mais elevados desejos de completude, de redenção. Embalo-me também na certeza da felicidade de ter-te comigo.