19.2.07

Pessoas ~~



Existem pessoas que permeiam a vida da gente de uma forma singular. São poucas. São gestos corriqueiros que trazem consigo uma mudança que não se explica, que não se replica.

Por vezes um sorriso, uma palavra, um gesto, um toque nas mãos, um beijo candido. Nada mais que isso e você já é outro. Para sempre.

São pessoas que amo mas que por vezes jamais saberão disso.
É uma criança que gosta de rosa e sorri pueril (me sinto ela); é um neném de rua que divide seu precioso bombom com uma senhora que trabalha no Banco (jamais ví gesto mais significativo!); é um colega de sala que divide seu passado doente e traz a vontade de viver novamente; é uma colega de sala que faz sentir o outro lado da situação; é um ser que se faz vida mesmo no mais exíguo momento em que um acidente o faz morte (sim, esse é você, onde quer que estejas. Que Deus tenha piedade de sua alma que tanto guardei..); é uma professora que tudo tem mas o amor (sim, mais uma vez traduzo para o Português uma sentença que se faz vida em Inglês); é um amigo que te cuida e mostra que gostar de tudo um pouco é não gostar de nada, que guerra de travesseiro é melhor que descobrir ruas e monumentos sem fim, que comer como você é normal (?!) e que ser o personagem de seus textos deve ser uma honra; são dois soprinhos de gente miúda e linda - que se fazem metades e me fazem estrela - e que juram que a roupa preta combina com meus olhos (!) e me fazem linda de morrer; é uma amiga que te acorda de manhã para tomar café, comprar esmaltes e te fazer feliz ; é aquele que te mostra que não dá para vocês se entenderem devido às vivências de cada um (sim, após percebermos que falar de trânsito, pobreza ou de um futuro já garantido e previsível não eram tópicos comuns não foi difícil perceber que francês e português, mesmo transmutados em inglês, não são a mesma língua) - mas que mesmo assim te faz falar, sentir e divertir; é um ser que te liga e faz confidências de diário como jamais poderia imaginar - e naquele momento entra em sua vida e se recusa a sair; é um velhinho que te dá 3 moedinhas para que fique rica um dia e vá morar ali na terra de sonhos; é uma amiga que divide a cama, a bicicleta, os sonhos, as confissões e as orações; e a outra que te faz tentar sentir e viver, intensamente, cada instante obstinado; é um cachorrinho que mesmo dormindo te faz sorrir; é uma criança que compra álcool de carro e balas e sai andando em Santa Tereza como se o mundo fosse ali; é um professor que faz teus sentimentos preciosos, teus textos maravilhosos e teus sopros de vida valiosos; é o outro que te faz querer ser Cris Cris e depois copmpreender que filosofia nem vale a pena - o que vale mesmo é a vida!; é uma miga que você escuta o pensar apesar da distância e que no olhar você lê o sentir; é uma querida que vai ver se você está fazendo prova direitinho e desepera ao imaginar que você decorou tudo de Guiomar; é um amigo que te faz tomar açaí e ver que sempre vale a pena viver, beijar e sobretudo cantar; é um amigo que te promete casar se tudo falhar, ri de um bebê repolhinho e te dá um presente para sempre guardar; é uma amiga que te namora à distância, te fazendo rir, rir; é outra que te namora de perto mas guarda consigo a diferença de tons, pensamentos, sabores, amores - mas que sempre está aí; é uma menina Bia que te faz sê-la, te faz contar seus sentimentos, desejos, medos e que te dá força em prosseguir - mesmo que apenas por ter certeza do estribilho; é uma amiga flor (sem pacto de sangue porque a agulha fez medo); uma amiga guerreira e sábia que entende o que é falar sério: vamos sonhar!; é uma amiga que te leva a dormir na casa dela, te alimenta com doces e pipoca, mostra que usar biquini não importa, te cuida e faz da vida a própria poesia que fazemos na nossa vida; é uma chefe que te faz tudo reavaliar; uma colega de trabalho que se faz irmã irmã e te faz surpreender por nunca deixar de sorrir; uma prima companheira; uma prima "imitajosa" que guarda uma saia que cabe em mim (...); uma prima que aos 5 diz não poder mudar para a Hungria para não deixar a mãe triste e que te faz filha alimentada com pão de jacaré; um amor que te faz companhia na hora de acordar, de dormir, de sair, de chorar, de sorrir.

Os nomes? Os nomes não são necessários (e alguns poucos inclusive desconheço. Sim, crianças de rua não tem nomes, não tem traços. Mas algumas causaram uma eterna transformação em mim...). Cada descrição traz um nome, uma alma que agradeço pela existência.

Obrigada por ser assim, por estar aí.. Agradeço pela sua existência!!

15.2.07

Dorso das mãos...



Ontem reparei contornos que se fazim únicos, que se fazem dúplices [Eles me acompanharam nas dúvidas, me acompanharam nos sonhos]. Hoje reparei contornos que se fazem realmente marcados [Talvez aos meus olhos eles sejam mais marcados do que são na verdade].

Eu assisti vestígios de vermelhidões se aflorarem depois do breve retorno [Percebi uma transferência perigosa]. Senti aquele arrepio desgostoso de quem teme o retorno de banhos no escuro, de longas noites que insistem em não terminar [Senti um nó no estômago].

Bom, espero que as escoriações desapareçam. Espero que os medos acabem, que os contornos se façam contornos [contornos e somente contornos].